6

DESCONTOS EM CONTRACHEQUES DE SERVIDORES DO RIO SOBE ATÉ 60% APÓS REAJUSTE DE PLANOS DE SAÚDE.

Ao abrir o contracheque de julho, a professora municipal aposentada Marilza Bittencourt da Silva, de 65 anos, levou um susto com o sumiço de seu nome dos descontos referentes ao plano de saúde contratado junto à Caberj (uma das duas operadoras vinculadas à Prefeitura do Rio, assim como a Assim). A aparente exclusão foi causada pelo reajuste de 35% no preço total da cobertura. Com isso, os valores das mensalidades cobradas para ela e a filha Larissa, de 26 anos, ficaram acima de sua margem consignável (limite de desconto no salário).

No caso dela, o desconto na folha passaria de R$ 1.197,86 para R$ 1.625,66. Esse é apenas um exemplo dos aumentos que foram aplicados aos planos dos servidores, antes mesmo de o funcionalismo ter qualquer correção salarial anual.

— Depois, recebi um boleto para pagar meu plano em separado. Mas, quando liguei para a Caberj para saber o que aconteceria, disseram que eu seria convidada pela Prefeitura do Rio a retirar minha filha do plano. Ou teria que sair do plano top e migrar para o básico. Mas não quero um plano que não me dê direito a nada — afirmou Marilza.

Mesmo quem teve a mensalidade mantida abaixo da margem consignável ficou insatisfeito. O reajuste dos planos de saúde superiores dos servidores municipais chegou a 98%, gerando um impacto de 60% no desconto total em folha — já que uma das taxas que compõem o valor pago é fixa: de 2%, para um plano básico. Esse foi o caso de uma secretária escolar, que pediu para não ter seu nome divulgado. Ela pagava R$ 48,32 para o Fundo PSSM e R$ 79,83 em consignação para a Caberj. Em julho, o desconto do fundo PSSM se manteve, mas o débito adicional aumentou para R$ 157,15.

— Muita gente teve que mudar de plano, pois não tinha mesmo condições de se manter no que já estava. E o aumento salarial não veio. Nem tem previsão de ser concedido — queixou-se a funcionária.

Entre abril e maio, os servidores tiveram um período para alterarem planos ou mudarem de operadoras. O Previ-Rio justificou que os percentuais chegaram a 40% de reajuste, nos planos superiores, em função da defasagem de preços desde 2014 . A Caberj não apresentou justificativa quanto às cobranças e aos aumentos previstos.

Prefeitura: servidor terá de se planejar

Responsável por fazer o elo entre o município e as operadoras de assistência médica, o Previ-Rio reforçou que os reajustes foram feitos com o “maior esforço” para que todos os 150 mil assistidos pelos planos disponíveis mantivessem os auxílios. O problema, porém, é que os reajustes, que começaram a partir de junho, chegaram antes do aumento anual aos servidores municipais. Todo ano, os funcionários têm direito a um percentual de correção, e este ainda não foi estabelecido pela Prefeitura do Rio.

O Previ-Rio salientou, também, que o plano básico, com um desconto em folha de pagamento de 2% sobre os salários dos servidores, não foi alterado, e que os planos de saúde superiores são, em média, 30% mais baratos do que os que são oferecidos por outras operadoras.  Sobre o caso da servidora que teve seu plano de saúde “excluído” do contracheque, o instituto publicou uma portaria interna para que quem extrapole a margem com gastos médicos no pagamento possa arcar com o plano via pagamento por boleto bancário.

A Câmara de Vereadores recebeu reclamações sobre o prazo para a mudança de plano, e, principalmente, sobre os percentuais estabelecidos de reajustes. Em maio, o vereador Cesar Maria (DEM) enviou um ofício ao Tribunal de Contas do Município (TCM), questionando os problemas apontados por servidores.

Servidora: secretária de uma escola municipal, 25 anos

‘Foi o maior aumento, em quatro anos'

— Para mim, o plano aumentou em R$ 80. Não mudei de faixa etária, cobertura, nada. Mas teve gente em situação bem pior. No caso da diretora da escola em que trabalho, o valor subiu R$ 300. Foi uma coisa absurda. Outras colegas, com dependentes, ultrapassaram a margem consignável (percentual que pode ser descontado do salário). Sou funcionária da Prefeitura do Rio há quatro anos e esse foi o maior aumento que já vi. Ninguém esperava algo assim. Foi um susto enorme.

Servidora: trabalha em escola municipal, 62 anos

‘Pago o mesmo preço por um plano inferior'

— Tenho meu marido, de 66 anos, e minha mãe, de 79, como dependentes. E tive que mudar meu plano porque os preços aumentaram cerca de R$ 200 para cada um. Antes, eles custavam R$ 654, cada, mas o reajuste elevaria o valor para mais de R$ 800. Eu pagava R$ 300, e a cobrança aumentou para quase R$ 500. Como ficaria muito pesado, mudei de plano. Mas pago quase a mesma coisa por uma cobertura inferior: R$ 320 como titular e R$ 1.200,79 para os dois dependentes.

 

Fonte: Extra

Copyright© 2003 / 2016 - ASFUNRIO
ASFUNRIO - Associação dos Servidores da SMDS e Fundo Rio
Visualização Mínima 800x600 melhor visualizado em 1024 x 768
Gerenciado e Atualizado: Leonardo Lopes