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'A Prefeitura não deve um tostão a empreiteira nenhuma', reage Paes

O prefeito Eduardo Paes saiu para o contra-ataque e ameaçou suspender os contratos das empreiteiras que, depois do primeiro turno das eleições, paralisaram obras ou reduziram o ritmo dos trabalhos na cidade. Reportagem do GLOBO, publicada ontem, revelou que empresários de firmas de engenharia disseram ter recebido ordens, logo após o período eleitoral, para suspender as atividades nos canteiros . A Associação de Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (Aeerj) confirmou que vinha recebendo inúmeras reclamações sobre pagamentos atrasados e estimou em cerca de R$ 700 milhões a dívida do município com as empreiteiras. Paes nega a informação e garante que os pagamentos estão rigorosamente em dia. O prefeito afirmou que dará início a uma fiscalização nos canteiros para identificar possíveis irregularidades, atribuídas por ele a pressões das empresas para aprovar termos aditivos aos contratos, que elevariam os custos das intervenções. Entre as obras paradas, está a do BRT Transbrasil, uma das mais importantes do governo Paes.

O prefeito prometeu notificar e multar as construtoras, podendo até mesmo cancelar contratos de obras.

— Eles estão querendo reajustes e aditivos. E eu não quero dar. Estamos notificando (as empreiteiras). A prefeitura não deve um tostão a empreiteira nenhuma. Ao contrário, antecipa recursos que deveriam ser pagos pelo governo federal. Esse é o jogo tradicional dos empreiteiros. Eles sempre fazem assim — reclamou Paes.

Por meio de sua conta no Twitter, ele fez duras críticas à Aeerj: “Ainda tem gente que acredita na velha pressão das associações de empreiteiros! A prefeitura tem suas contas em dia e não deve a ninguém”.

SEM DÍVIDA COM O BRT TRANSBRASIL, DIZ PAES

Segundo Paes, a única obra parada é a do BRT Transbrasil, que ligará Deodoro à região central da cidade. Ele garante que não é por falta de recursos. O GLOBO apurou, entretanto, que o consórcio responsável por executar o corredor de BRT tem se queixado de inadimplência da prefeitura e, por isso, não mobilizou de novo os canteiros da obra. A prefeitura havia afirmado que já tinha pedido às empresas do consórcio que recomeçassem os trabalhos. Apesar de placas espalhadas pelo percurso do BRT, na Avenida Brasil, informando que a construção seria retomada em setembro, ela continua suspensa.

— O dinheiro ali vem de um financiamento do governo federal e está em dia — afirmou Eduardo Paes.

Por meio de nota, o Consórcio Transbrasil diz apenas que “está empenhado em retomar as obras do corredor expresso o mais rapidamente possível” e que “aguarda a regularização do contrato vigente para que as obras sejam retomadas”, sem esclarecer quais seriam as pendências.

A dois meses de deixar o cargo, após dois mandatos consecutivos no comando da cidade, o prefeito reafirmou a saúde financeira do município:

— A prefeitura tem suas contas perfeitamente em ordem. Duvido que algum governo no país pague em dia como a prefeitura do Rio. Ajustes de fim de governo estou fazendo desde o momento em que terminou o primeiro turno (das eleições) para fazer a transição de forma adequada. Não existe um prestador de serviço (cujo pagamento esteja) em atraso.

A Aeerj informou ao GLOBO que a ordem para suspender as obras partiu da prefeitura depois do resultado do primeiro turno das eleições. Desde então, a entidade afirma ter sido procurada por 26 empresas, que relataram tais determinações feitas por técnicos e fiscais do município. Em cópias de e-mails de empresas enviadas à presidência da associação, firmas relatam problemas e algumas citam inadimplência, mas pediram para não ser identificadas. “Eles mandaram paralisar (as obras) e vão fazer reconhecimento de dívida dos serviços executados até o momento”, relata uma empreiteira em uma das mensagens recebidas pela entidade. “Sequer irão pagar pelas desmobilizações! Já fomos comunicados pela Secretaria municipal de Obras e pela Secretaria municipal de Conservação! Acredito que outras secretarias do município farão o mesmo. Demissão em massa é igual a despesas. Falta de perspectiva. Um descaso com a outra parte”, escreveu outro empresário.

Paes já teve embate com empreiteiras antes. Em abril de 2015, a Queiroz Galvão, responsável por erguer o Parque de Deodoro — onde foram realizadas provas da Olimpíada do Rio —, alegou dificuldades financeiras, demitiu dezenas de funcionários e deixou outros mil de aviso prévio. A companhia alegava falta de recursos, mas dias depois fechou um acordo com a prefeitura, que adiantou quantias que seriam liberadas pelo governo federal, e suspendeu o anúncio de novas demissões.

SINDICATO TEME DESEMPREGO

Entidades ligadas à construção civil se queixam da situação do município. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada estima que, do início de 2015 para cá, o setor tenha registrado uma queda no total de operários empregados de 30 mil para apenas três mil. O presidente da entidade, Nilson Duarte, também disse estar preocupado com a situação da prefeitura.

— Eu estou muito preocupado porque, em cada canto do Rio, você encontra um cara vendendo água e biscoito e, quando para para perguntar, são todos profissionais do setor que estão desempregados. Minha preocupação é como essas famílias vão ficar — diz Nilson. — (A prefeitura) Ficou na dela e saiu da responsabilidade de qualquer continuação de obras. A gente tem avisado os trabalhadores que assinam a rescisão para guardarem o dinheiro deles, porque não há perspectiva de emprego.

Os novos empenhos (ordens de pagamentos) para este ano foram restringidos até o dia 31 deste mês, por ordem do prefeito — normalmente, isso acontece no fim de dezembro. Outro representante do setor de construção, que pediu anonimato, disse que a prefeitura está fazendo “política de terra arrasada” em relação aos investimentos de infraestrutura neste fim de mandato.

— Ele (Paes) não vai fazer mais nada. Está fazendo política de terra arrasada. O problema é que a prefeitura está quebrada. De maneira geral, vão empurrar o problema para o próximo prefeito — disse.

Apesar de Paes admitir uma única obra parada na cidade (o corredor de BRT Transbrasil), em julho, em lista enviada à Câmara Municipal junto com o projeto da lei orçamentária de 2017, o município mencionava 63 intervenções paralisadas. Entre elas, havia programas que são vitrine da gestão de Paes, como duas clínicas da família em Irajá, cujas obras, segundo moradores, ficaram suspensas por dois anos, mas recomeçaram, com outra empresa, há dois meses. Na semana passada, por meio de sua assessoria, a prefeitura informou que, com exceção de dez, todas as demais intervenções já haviam sido retomadas. Entre as dez que estão paradas, nove tiveram contrato suspenso pelas próprias empresas.

SINAIS DE PROBLEMAS

Apesar de negar problemas financeiros em sua gestão e pagar aos servidores em dia — como o governo do estado, por exemplo, não tem conseguido fazer —, o prefeito Eduardo Paes vem enfrentando, no fim de seu governo, demonstrações pontuais de que algo vai mal. Semana passada, o fornecimento de luz ao Parque de Madureira, um dos xodós da atual administração, foi cortado por falta de pagamento. A fatura mensal do espaço, de cerca de R$ 125 mil, não era paga há três meses — e a dívida somava quase R$ 375 mil, segundo a Light. A prefeitura alegou “questões burocráticas” para o calote.

 

Fonte: O Globo
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