Igrejas poderão ajudar população de rua do Rio

A futura secretária municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, vereadora Teresa Bergher (PSDB), assumirá o cargo disposta a adotar uma nova política para a população de rua, que envolva igrejas de todas as religiões. Ela considera como o seu grande desafio levar equipes de saúde e assistentes sociais para atuar nas cracolândias. Garante ainda que os programas para a terceira idade vão continuar. E anuncia uma auditoria nos contratos com as mais de cem ONGs que cuidam dos abrigos da atual Secretaria de Desenvolvimento Social.

Quanto à população de rua — estimada em 5.580 pessoas pelo governo Eduardo Paes —, Teresa diz que não pretende recolhê-las, mas acolhê-las. Nesse sentido, acredita que as igrejas tenham muito a colaborar:

— Faremos uma grande reunião com todos os segmentos religiosos. Queremos envolvê-los para que ajudem no acolhimento dessas pessoas. Imagine se cada instituição abrisse as suas portas para que quem vive na rua possa tomar um banho, fazer uma refeição e dormir num primeiro momento? Atuando em parceria, as equipes da prefeitura poderiam saber quem é quem e fazer um acompanhamento para que essas pessoas possam ser reintegradas às suas famílias e à sociedade.

Para quem é de outro estado e quer retornar, a intenção de Teresa é reviver um programa antigo — De Volta à Terra Natal —, em que a prefeitura custeava a passagem para casa.

A vereadora lembra também que grande parte dos que vivem nas ruas é de doentes e dependentes químicos. Por isso, pretende conversar com a Secretaria de Saúde, a fim de garantir que essas pessoas sejam atendidas.

— Quem está sujo, maltrapilho, acaba não sendo atendido ou entra no fim da fila — lamenta.

Mais uma ideia da futura secretária é dar treinamento e aproveitar quem está na rua desempregado para fazer serviços para a prefeitura atualmente terceirizados, como os de limpeza de prédios municipais:

— Por que não aproveitar essa mão de obra?

Teresa entende que, no caso das cracolândias, o poder público tem que ir até os locais onde se concentram os viciados em crack, oferecendo atendimento médico e assistência social. Ela pensa em incluir nas equipes ex-drogados que possam dar seus depoimentos.

Ainda esta semana, Teresa começa uma série de visitas aos abrigos da atual Secretaria de Desenvolvimento Social administrados por ONGS:

— Vou visitar todos os abrigos e olhar com cuidado cada contrato e as prestações de contas. Faremos uma inspeção geral e vamos interromper o contrato daquelas que não prestam um bom serviço. Não estou aqui para fazer guerra, mas quero que haja fiscalização.

CONTAS AINDA POR ANALISAR

Tão logo foi confirmada no cargo pelo prefeito eleito Marcelo Crivella, Teresa deu início à transição. Já identificou, por exemplo, que grande parte dessas ONGs não presta um serviço adequado. Constatou também que há cerca de quatro mil prestações de contas antigas — dos períodos de Rodrigo Bethlem e Marcelo Garcia — para ser analisadas.

— Vamos encontrar um quadro muito difícil. Temos de saber quem é quem — afirma a futura secretária. — Além disso, a situação dos abrigos é péssima. Eles precisam ser humanizados.

Em relação aos idosos, Teresa lamenta que as quatro ONGs que prestam serviços para a atual Secretaria municipal de Envelhecimento Ativo, Resiliência e Cuidado tenham dispensado cerca de mil pessoas, ameaçando programas como o Casas de Convivência e o Academias da Terceira Idade:

— Vou abrir uma sindicância para ver o que aconteceu. Mas posso assegurar que os programas para a terceira idade vão continuar.

A nova pasta de Assistência Social e Direitos Humanos vai absorver funções de secretarias que serão extintas. Ficarão vinculados à secretaria programas de defesa das mulheres, voltados para idosos e jovens, de enfrentamento de drogas e de direitos humanos.

COBRANÇA DE DÍVIDA É PRIORIDADE

O futuro procurador-geral do município, Antônio Carlos de Sá, de 49 anos, ingressou nos quadros da procuradoria por concurso em 1995. Atualmente, ocupa o cargo de procurador-chefe da Dívida Ativa. Na nova função, pretende continuar a atuar fortemente no sentido de buscar receita para os cofres públicos, cobrando débitos de IPTU, ISS e multas. No ano passado, a Dívida Ativa conseguiu arrecadar cerca de R$ 850 milhões em débitos.

— A Dívida Ativa tem uma carteira de R$ 30 bilhões. Só que a maioria não é recuperável. Há empresas, por exemplo, em processo de falência. Existem ainda problemas de cadastro — explica o futuro procurador-geral. — Sabemos que teremos dificuldades em 2017, porque vivemos um momento de crise. Mas vamos estimular a cobrança, com o viés da conciliação.

Como procurador-geral, Antônio Carlos explica que dará ainda suporte jurídico às secretarias municipais:

— Vamos atuar conforme as diretrizes, as pretensões de cada secretaria e do prefeito Marcelo Crivella.

Para os cargos de subprocuradores-gerais, foram escolhidos Marcelo Silva Moreira Marques e Ana Paula Buonomo. Marcelo, de 47 anos, também atua hoje na Dívida Ativa. Como Antônio Carlos, ele está na procuradoria há 21 anos. Ana Paula, de 40 anos, é procuradora do município há 15.


Fonte: O Globo

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