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JORNAL
ASFUNRIO - Quais são as suas principais
propostas para atender as demandas dos servidores municipais?
JANDIRA FEGHALI - Para mim, por exemplo,
a saúde é prioridade para a cidade, porque
é a defesa da vida. É preciso pagar dignamente
o médico, a enfermagem, os profissionais da saúde.
O último concurso para médico foi de R$
669 de salário. Vamos rever o Plano de Cargos,
Carreira e Salários para categoria.
A
educação é a principal política
de formação cidadã. E na educação,
tem uma coisa insubstituível, que são o
professor e o profissional da educação.
Se eles não forem bem pagos e valorizados, não
tem projeto de educação que dê certo.
Investir em educação é também
investir no profissional da educação, em
capacitação, reciclagem do conhecimento,
em projeto pedagógico. Vou garantir os direitos
adquiridos dos profissionais de educação
previstos no Plano de cargos, carreira e salários
do magistério.
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Sou
simpática à idéia do Plano de Carreiras Unificado
e estou estudando as propostas apresentadas pelo Sepe. Também
vou desenvolver um programa de capacitação permanente
dos profissionais da educação, com a utilização
das novas tecnologias, como por exemplo, da educação
à distância.
Respeitarei
os direitos adquiridos dos servidores aposentados e dos idosos
e dialogarei com as entidades que os representam. Tenho compromisso
com a preservação de sua saúde física
e mental, seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual
e social. Combaterei a negligência, a discriminação,
toda e qualquer forma de violência, crueldade e opressão.
Não vou tributar os aposentados.
JA - O município do Rio tem hoje mais de 3 mil
servidores celetistas, alguns com mais de 20 anos de serviço.
Quais são as suas propostas para esses servidores? Há,
por exemplo, proposta para efetivá-los? Se sim, quais serão
as regras para a efetivação dos celetistas?
JF - Na minha gestão, primeiramente faremos um levantamento
da situação vigente. Vou acima de tudo dialogar
com os servidores. Ninguém sairá prejudicado.
JA - Pretende criar novos concursos públicos no
município?
JF – Sim. Faremos concurso para contratar profissionais,
inclusive psicólogos e pedagogos.
JA - Quais são as suas propostas para o setor da
saúde?
JF - Na minha gestão, vou priorizar os bairros com menor
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para a instalação
e cobertura de 100% de unidades do Programa Carioca de Saúde
da Família e os bairros com mais de 30 mil habitantes para
instalação das policlínicas 24h, Centros
de Atendimento Psicossocial e Centro de Diagnóstico.
Os bairros contarão com uma capacidade instalada de serviços
e cuidados de saúde ambulatoriais suficientes para realizar:
1) Assistência e cuidados pediátricos, gineco-obstétricos,
clínicos, fisioterápicos, psicológicos e
odontológicos nas unidades do PSF Carioca; 2) Assistência
médica especializada, exames e atendimento de urgência
nas policlínicas 24h; 3) Centros de Atenção
Psicossocial para o tratamento de drogados e para o tratamento
de crianças portadoras de problemas especiais.
JA - Como pretende reduzir a lotação nos
hospitais municipais e melhorar o atendimento?
JF - Visando um melhor atendimento do cidadão nos hospitais
municipais vou implementar o "Cartão Carioca de Saúde",
uma espécie de prontuário personalizado do paciente,
onde serão anotados todos os procedimentos realizados nas
unidades de saúde da prefeitura, fazendo com que a população
tenha acesso a um sistema integrado de atendimento primário
– consultas e exames -, capaz de garantir o atendimento
rápido na rede de postos e policlínicas do município,
no prazo máximo de oito dias. A criação da
Rede Saúde Integrada acabará com as filas para consulta,
exames e internações.
Irei implantar policlínicas 24 horas, além de retomar
o atendimento nos postos de saúde em três turnos.
Isso irá desafogar o movimento de pacientes nos hospitais
de emergência, agilizando o atendimento.
JA - Como pretende combater a epidemia da Dengue, que
sempre assola o Rio no verão?
JF - O meu primeiro ato como prefeita eleita da cidade do Rio
de Janeiro será ir às ruas e fazer mutirão
contra a dengue. O tratamento de dengue é hidratar, e é
importante que os hospitais e postos funcionem plenamente disponibilizando
o exame de medição de plaquetas em dois minutos.
Isso é possível, e a conscientização
da população também é muito importante
que seja feita. A prefeitura dispõe de meios de comunicação
para isso, e vamos fazer. Mas não podemos esperar até
a posse. Já conversei com o ministro da Saúde para
adotarmos medidas preventivas, urgentes, desde agora!
JA - Pretende contratar mais profissionais para as áreas
da saúde e educação?
JF - A carência de profissionais na saúde é
uma realidade. Temos de promover concurso público para
solucionar o problema e implantar um Plano de Cargos, Carreiras
e Salários (PCCS), a fim de valorizar os profissionais
de saúde. No último concurso para médico,
o salário fixado foi de R$ 669, um absurdo.
JA – A senhora é a favor da aprovação
automática no ensino público? E quais são
as suas propostas para a educação?
JF - A educação é a principal política
de formação do cidadão e deve começar
na idade de 0 a 6 anos, com a implementação de um
programa de creches superando o déficit hoje existente
na cidade. Vamos também retomar o regime do tempo escolar
integral, incluindo atividades de cultura, esporte e inclusão
digital.
É importante implantar o piso nacional para o magistério
e o plano de cargos, carreiras e salários. Faremos concurso
para contratar profissionais e garantir a presença do professor
dentro da sala de aula, além de desenvolver um programa
de capacitação permanente dos profissionais da educação.
Acabaremos com a aprovação automática instituída
por decreto, que resulta apenas como solução escamoteadora
do fracasso escolar, aprovando alunos a quem nada foi ensinado
e que saem da escola sem aproveitamento de conteúdo.
Por fim, vamos implantar o Programa Saúde na Escola, levando
para dentro dos estabelecimentos escolares o atendimento de pediatras,
oftalmologistas, ortopedistas e psicólogas e, com isso,
inclusive, ajudando na prevenção da gravidez precoce
que atinge alunas no final do Ensino Fundamental.
JA - No seu governo, os familiares dos servidores poderão
ter direito ao plano de saúde?
JF - O que eu posso garantir é que todos os funcionários
terão seus direitos garantidos. Alguns inclusive ampliados,
assim como o plano de saúde. Vou manter isso, porque hoje
é necessário que haja uma licitação
correta no plano de saúde para que esses funcionários
não percam essa possibilidade.
JA – A senhora acha que a Guarda Municipal tem que
ter regime estatutário, e que ainda adquira poder de polícia?
JF – Vou valorizar o Guarda Municipal. A Guarda Municipal
deve ser carreira de estado. Não pode ser CLT, com a função
que tem. O guarda deve ser funcionário estatutário,
pois deve ter o poder de manter a ordem urbana, o poder de fiscalização.
O guarda municipal é aquele que sabe o movimento do bairro,
que percebe se tem algo de estranho. Ele intimida o delito primário.
É
necessário que a Guarda municipal assuma caráter
estatutário, a solução para a segurança
pública está no tripé: "inteligência,
prevenção e repressão". Nossa Guarda
Municipal tem de ser uma corporação amada pelo povo
do Rio. Vamos mudar o regime para Estatutário, criando
condições para que a GM se torne mais presente nas
ruas. Já disse que irei estender sua presença nas
ruas e avenidas, a fim de auxiliar as forças policiais
na segurança. A proteção dos espaços
públicos, bem como das escolas compete a Guarda. A corporação
tem de ter orientação cidadã, ela é
um agente do contribuinte, um aliado seu. Nada mais justo que
o proteja.
JA - De que forma o município poderá ajudar no combate
à violência?
JF - Um dos temas da segurança é a iluminação
– a cidade tem que ser clara. As pessoas têm que poder
andar à noite. A prefeitura tem muita coisa haver com a
segurança e não com a polícia, não
com a repressão policial. Tem responsabilidade com a prevenção
do crime, com a prevenção do delito. Outra questão
é o intervalo de transporte. Uma pessoa que fica num ponto
de ônibus das 22 horas à meia noite, sem iluminação,
esperando um ônibus que não passa, ela está
vulnerável a um assalto, à agressão, a todo
tipo de violência.
JA - O que fará para conter o avanço das
favelas?
JF - Impedir a expansão da favela é dar alternativa.
Isso não é um problema de polícia. É
necessário oferecer alternativa de moradia para as pessoas,
acoplar à mobilidade urbana. Prevemos a criação
de um Gabinete das Favelas - uma Secretaria Especial com participação
da sociedade civil organizada, de setores públicos estaduais,
federais, do setor privado - em particular o setor da construção
civil e de órgãos internacionais - Habitat da ONU,
BID, Arquitetos Sem Fronteiras.
Cada setor terá 3 meses para apresentar propostas exeqüíveis
que nortearão os planos da prefeitura, mas com objetivo
de alcançar até 2020:
1. o fim da habitação precária, insalubre
e de risco;
2. desocupação de encostas e de áreas próximas
de acervo ambiental;
3. acabar com o déficit de habitação no município.
O
processo contemplará:
a.
a oferta de opções de habitação -
próximas aos assentamentos, com crédito subvencionado
ou pelo aluguel social;
b. oferta de habitação na região
central da cidade;
c. incremento de serviços públicos
dentro das comunidades, por equipamentos públicos eficientes
e belos;
d. intervenção contundente que
mude a forma da favela - abrir grandes praças, largos,
vias;
e. operação especial nas franjas
de favela - regular a forma, a urbanização e a questão
fundiária nas áreas que ficam entre tecidos urbanos
formais e informais;
f. regularização fundiária;
g. apresentar ao setor imobiliário o potencial
das áreas informais.
JA - Quais são as suas propostas para o setor de transporte?
JF - As propostas para o setor de transportes estão descritas
no programa de governo para a área. Você pode encontrar
no site da campanha www.jandira65.can.br, no ícone “Pra
Mudar o Rio”.
JA - Quais serão as suas principais ações
para amenizar/resolver os problemas de engarrafamento na cidade?
JF - Em primeiro lugar, é necessário que a cidade
tenha um transporte público de baixo custo, que atenda
às necessidades da população, com qualidade
e agilidade e sem poluir. Isso estimulará o carioca a usar
esse serviço, em vez de valer-se de seu transporte particular.
No meu programa de governo, também constam propostas para
desafogar o trânsito, entre elas a modernização
da engenharia do tráfego:
•
Reorganizar e equipar a CET para uma atuação mais
eficiente no trânsito inclusive com operação
na via.
• Implantar programa permanente de manutenção
e aprimoramento da sinalização, do pavimento e da
geometria das vias visando eliminar os pontos de estrangulamento
do tráfego com vistas a minimizar as horas anuais de congestionamento.
• Reprimir severamente todas as ilegalidades no trânsito,
em programa do tipo tolerância zero.
• Realizar estudo visando reordenar a circulação
de veículos de transporte de cargas na cidade.
• Criação de mecanismos para fortalecer a
operação com trens de Metrô na atual Linha
Ferroviária Pedro II, Deodoro, Campo Grande e Santa Cruz
e na Linha da Leopoldina.
• Descongestionar o tráfego da Ponte Rio/Niterói
através do Sistema Aquaviário devidamente integrado
na Estação do Metrô Praça XV prevista
na mencionada expansão da Linha 2.
• Colocar guardas municipais para orientar e educar os motoristas
– educação no trânsito.
JA - O governo Lula vai liberar R$ 85 milhões para
beneficiar a cidade na disputa para sediar as Olimpíadas
de 2016. É válido investir tanto dinheiro para trazer
a Olimpíada de 2016 para o Rio em detrimento de áreas
prioritárias como habitação, saúde
e educação?
JF - O meu programa para os esportes tem uma política de
descoberta de talentos, com perspectiva profissional, como atividade
econômica. Levando em conta eventos como a Copa do Mundo
de 2014, por exemplo, que pode deixar um legado para a cidade.
Tenho como referências o que foi feito em Barcelona e Londres.
Pequim inaugurou 200 km de metrô e nós não
inauguramos nem estação de ônibus! Perdemos,
de fato, essa oportunidade para discutir projetos para o município.
Há também os modelos de gestão utilizados
por países como Cuba e Austrália. O esporte é
um instrumento de inclusão social, e vou transformar o
Rio em cidade olímpica. O esporte é também
uma atividade econômica, que gera emprego e renda e projeta
o nome da cidade no país no exterior.
A minha administração vai garantir os grandes eventos
esportivos, como os Jogos Mundiais Militares, em 2011, a Copa
de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Vou firmar parcerias com
o governo federal e com a iniciativa privada para investir em
infra-estrutura para a cidade, bem diferente do que tem acontecido.
O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., questionou-me por que
este último Pan Americano passou e não deixou nenhum
legado, nem mesmo uma nova estação do metrô...
Trataremos também da questão da acessibilidade,
inclusive isso é uma exigência do Comitê Paraolímpico,
portanto conseguiremos verbas e convênios para atender às
demandas.
JA - Pretende beneficiar a abertura de novas empresas
na cidade? Se sim, como?
JF - Sim, o que nós precisamos fazer primeiramente para
trazer as empresas é fazer uma política de geração
de atividade econômica. A forma de incentivar a abertura
de novas empresas no município é trabalhar com justiça
tributária. Então temos que criar uma justiça
tributária e reduzir, de fato, o tributo, não só
como o ISS, como o IPTU também.
JA - De que forma pretende atrair investimentos para a
cidade?
JF - Além dos incentivos tributários, precisamos
investir em transporte e na infra-estrutura da cidade, em educação
e saúde para garantirmos mão-de-obra qualificada...
Em suma, precisamos de uma cidade à altura das demandas
e dos desafios da modernidade.
JA - No seu programa de governo, há proposta para
racionalizar a máquina administrativa e melhorar a eficiência
da administração pública, através
dos servidores e equipamentos?
JF - Sofremos com uma gestão que governa para poucas pessoas
da população e se articula muito pouco com o mundo
produtivo, com o mundo intelectual, com a área de conhecimento
da cidade. Não se articula sequer com o município
vizinho, muito menos com os outros governos, nem com o governo
federal. O presidente da República chega ao Rio e o prefeito
não o recebe! Queremos repor o Rio na política,
nas conquistas para o povo, nas articulações para
captar apoio para a cidade e, principalmente, voltar o governo
para a grande maioria que não tem apoio, que não
tem proteção e nem políticas públicas
que sirvam à maioria. Uma máquina administrativa
ágil e eficiente é necessária, e com um funcionalismo
preparado para atender à população com respeito
e profissionalismo.
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LEIA AMANHÃ ENTREVISTA COM OS CANDIDATOS EDUARDO PAES E
SOLANGE AMARAL
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a entrevista:
asfunrio@asfunrio.org.br
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