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JORNAL
ASFUNRIO - Quais são as suas principais
propostas para atender as demandas dos servidores municipais?
SOLANGE
AMARAL - Vou investir no respeito e na dignidade
do servidor público e manter todas as conquistas
e direitos da categoria.
Vou avançar ainda mais na política de
valorização do funcionalismo público
municipal, garantindo os investimentos e a parceria
com o servidor estabelecidos na gestão do prefeito
Cesar Maia.
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JA - O município do Rio tem hoje mais de 3 mil
servidores celetistas, alguns com mais de 20 anos de serviço.
Quais são suas propostas para esses servidores? Há,
por exemplo, proposta para efetivá-los? Se sim, quais serão
as regras para a efetivação dos celetistas?
SA - Há casos emblemáticos, como o dos guardas municipais.
Quero estudar bem esta questão. Há implicações
jurídicas que devem ser analisadas.
JA – A senhora pretende criar novos concursos públicos
no município?
SA – Claro que sim. Só para repor as vagas de aposentados
e recolocados, precisamos chamar 12 mil pessoas por ano. Vamos
fazer um banco de concursos para suprir todas as necessidades
da Prefeitura.
JA - Quais são as suas propostas para o setor
da saúde?
SA – A saúde é uma das minhas prioridades.
Pretendo firmar parcerias com os governos federal e estadual
para atender da melhor forma à população
do Rio. Vamos construir 25 postos de saúde em toda a
cidade e implantar a marcação de consultas médicas
por telefone e internet, diminuindo filas e garantindo medicação,
pessoal e equipamentos em todas as unidades de saúde.
Vamos também expandir o programa Remédio em Casa
a portadores de outras doenças crônicas e ampliar
o Programa Saúde da Família, que faz o trabalho
preventivo e, assim, desafoga os hospitais e postos de saúde.
JA - Como pretende reduzir a lotação nos
hospitais municipais e melhorar o atendimento?
SA – Como eu disse anteriormente, para reduzir as filas
nas unidades de Saúde vou implantar a marcação,
por telefone e internet, de consultas médicas e exames.
A marcação valerá tanto para os hospitais
quanto para os postos de saúde já existentes e
os 25 que irei construir. Outra medida que contribuirá
para a redução das filas é a expansão
do programa Remédio em Casa, atendendo mais pessoas e
evitando que elas tenham que se deslocar até as unidades
de saúde somente para pegar medicamentos. Além
disso, é importante que os hospitais sejam dotados de
pessoal e equipamentos. Para garantir a permanência dos
servidores, me comprometo a dar continuidade à incorporação
ao salário-base da gratificação por desempenho
e da produtividade dos profissionais de Saúde, além
de manter benefícios e a política de reajuste
anual para os servidores. A ampliação do Programa
Saúde da Família faz parte do mesmo compromisso.
Ao fazer o trabalho preventivo, conseqüentemente a Prefeitura
desafoga os hospitais e os postos de saúde.
JA – Se eleita, como a senhora pretende combater
a epidemia da Dengue, que sempre assola o Rio no verão?
SA – Como já vem sendo feito, pretendo, todos os
anos, no período em que o perigo de contrair a doença
fica mais evidente, intensificar os programas de prevenção.
As medidas são eficazes, mas desde que a população
colabore. É preciso fazer um trabalho de conscientização,
que é de longo prazo. E, além disso, trabalhar
em conjunto com o governo estadual e federal. As redes de saúde
não podem ser concorrentes, e sim complementares. Tudo
que acontece no Rio de Janeiro ganha uma proporção
muito maior. Somos a vitrine do país, estamos muito visados
o tempo inteiro.
A questão da dengue é muito mais preventiva. A
responsabilidade não é só da Prefeitura.
É também do Ministério da Saúde
e do Estado. Mas o Ministério da Saúde aplicou
apenas 55% do total de R$ 68,1 milhões no Programa de
Vigilância, Prevenção e Controle da Malária
e da Dengue, sendo que a principal ação destinada
à dengue que castigou o Rio usou apenas 31% dos recursos
previstos no Orçamento Geral da União.
Muitas cidades vizinhas a nós enfrentam problema igual
ou pior, só que os hospitais na nossa cidade absorvem
todos os pacientes no entorno. O prefeito fez a parte dele:
abriu, por exemplo, o Hospital de Acari e disponibilizou mais
leitos para os pacientes.
JA - Pretende contratar mais profissionais para as áreas
da saúde e educação?
SA – Na saúde, vou realizar concursos para atender
às crescentes demandas de pessoal qualificado e garantir
a continuidade da incorporação ao salário-base
da gratificação por desempenho e da produtividade
dos profissionais, além de manter atuais benefícios,
como Carta de crédito, paridade entre ativos e aposentados
e plano de saúde. Vou expandir os programas de qualificação
dos profissionais de saúde da rede municipal e ampliar
as bolsas de estágio profissional e residência
médica.
Na
educação, novos concursos serão fundamentais
para aprimorarmos o projeto da progressão continuada,
também conhecido como sistema de ciclos, permitindo que
as turmas sejam menores e os alunos tenham atendimento diferenciado
por parte dos professores. Também faremos concursos para
o pessoal de apoio. Além disso, vamos implementar planos
de cargos e salários para todos os profissionais da educação.
Além disso, vou dar prosseguimento à política
de reajuste anual para todos os servidores municipais.
JA – A senhora é a favor da aprovação
automática no ensino público? Quais são
as suas propostas para a educação?
SA – Aprovação automática não
existe. O que ocorre nas escolas municipais é o projeto
de educação continuada, diferentemente do ensino
seriado, mais comum nas escolas brasileiras. Na educação
continuada, o aluno não é avaliado por bimestre
e por ano, mas por ciclos. Se, ao fim do ciclo, sua avaliação
não for satisfatória, o aluno pode ficar retido.
Este é um modelo defendido por grandes educadores, como
Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro. É um avanço,
que já foi implantado também em outras cidades,
como Niterói, Belo Horizonte, São Paulo e Porto
Alegre. No Rio, o modelo foi implantado em 2000. Temos que continuar
neste sentido. Vamos aperfeiçoar o método e diminuir
a quantidade de alunos na sala de aula, vamos capacitar nossos
professores para que o modelo da educação continuada
no Rio seja uma referência no País.
JA - No seu governo, os familiares dos servidores poderão
ter direito ao plano de saúde?
SA – Podemos estudar isso. Mas vamos manter o modelo que
permite ao servidor escolher a empresa e o plano de saúde
de sua preferência. E vamos ampliar a política
de assistência ao servidor e à sua família.
JA - É a favor que a Guarda Municipal tenha regime
estatutário, e que ainda adquira poder de polícia?
SA – A questão do regime da Guarda Municipal é
polêmica e estamos estudando. Mas sou radicalmente contra
a idéia de armar a corporação. Mas acho
que ela pode ser utilizada na prevenção de pequenos
delitos. Apresentei à Câmara dos Deputados uma
proposta de emenda à constituição que amplia
as atribuições das guardas municipais, dando a
elas poder de realizar ações de policiamento ostensivo
nas cidades com população superior a um milhão
de habitantes.
JA - De que forma o município poderá ajudar
no combate à violência?
SA – Como prefeita do Rio, vou colaborar para melhorar
a insegurança nas ruas da cidade. Em primeiro lugar,
pretendo comprar 1000 câmeras para a vigilância
de áreas comerciais. Os equipamentos serão instalados
em diversos pontos do Rio, especialmente nos corredores de comércio,
e vão ajudar no combate a pequenos crimes, como saidinhas
de banco e roubos de celular e laptop.
Também faz parte de meu programa de governo a implantação
do Programa de Segurança Cidadã, em que o foco
do patrulhamento e do policiamento não será o
confronto, mas a prevenção. Dentro desta proposta,
vamos reativar o projeto Cosme e Damião – duplas
formadas por um policial militar e um guarda municipal cada,
para fazer a prevenção a pequenos delitos. Ampliar
o efetivo da Guarda Municipal, o sistema de ronda escolar e
o programa Agentes da Liberdade, de reinserção
de ex-presidiários e investir na capacitação
de jovens e no trabalho de assistência social, a fim de
evitar a evasão para atividades criminosas também
estão no meu foco.
JA - Há proposta para melhorar a iluminação
na cidade, pois há várias ruas em completo apagão,
o que beneficia a ação de criminosos?
SA – No Centro do Rio, onde esse problema é maior,
vou implementar os projetos Corredor Iluminado, de melhoria
das condições de iluminação da Lapa,
Cinelândia e Praça Tiradentes. Mas também
daremos atenção a outras áreas críticas
na cidade. O projeto Rio Cidade, que vamos expandir na minha
gestão, vai ajudar na melhoria no sistema de iluminação
do Rio.
JA - O que fará para conter o avanço das
favelas?
SA – Coordenei o Favela-Bairro, o maior programa social
do mundo, de acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento,
o BID. No cargo de secretária de Habitação,
entre 2001 e 2006, coordenei programas habitacionais que atenderam
mais de 500 mil moradores de comunidades e loteamentos. Pretendo
dar continuidade a esse trabalho e construir 150 mil casas populares
e ampliar o Favela-Bairro, a fim de beneficiar moradores de
mais 100 comunidades. Pretendo, ainda, ampliar o projeto Eco-limites,
para evitar a expansão de favelas.
JA - Quais são as suas propostas para o setor
de transporte?
SA – Nos transportes, vou implantar o Corredor T5, que
fará a ligação da Barra da Tijuca à
Avenida Brasil através de modernos ônibus articulados.
O corredor T5 atenderá 380 mil passageiros por dia. Atualmente,
para percorrer o trajeto é necessário pegar dois
ônibus e o tempo de viagem é de 96 minutos. Com
os ônibus articulados, haverá uma redução
de 50% nesse tempo. Além disso, por uma única
tarifa, o cidadão poderá pegar o ônibus
do T5 e mais duas linhas auxiliares, uma em cada ponta.
A implantação do corredor T5 deverá custar
cerca de R$ 800 milhões. Será uma PPP e deve durar
quatro anos. Votei uma dotação extra ao Plano
Plurianual do orçamento do Governo Federal no valor de
R$ 150 milhões por ano para a construção
do corredor T5. Além disso, pretendo expandir o metrô
que, apesar de ser de competência estadual, como prefeita,
posso agregar recursos à implantação da
Linha 4 através de fundos recebíveis da dívida
ativa. Na minha gestão, vou reservar parte deste dinheiro,
R$ 250 milhões, para viabilizar as obras.
Além disso, serão avaliados outros projetos, como
o bonde da Barra – para a circulação interna
daquela região –, o bonde do Centro e as hidrovias.
E vamos implantar o bilhete único e a tarifa de 2 horas,
mas para concretizar um trabalho sério é preciso
fazer parcerias. Por isso, a parceria com o Estado e a União
também é uma das minhas prioridades.
JA - Quais serão suas principais ações
para amenizar/resolver os problemas de engarrafamento na cidade?
SA – Além de implantar os projetos que citei, outras
idéias podem ajudar a melhorar o trânsito no Rio.
Por exemplo, modernizar e ampliar o CTA (Controle de Tráfego
por Área), que funciona no Rio há mais de uma
década. É o sistema de sinais inteligente, que
calcula o trânsito de acordo com o contigente de carros,
reduzindo o tempo do motorista na direção e os
engarrafamentos. Adotar sistemas de monitoramento de veículos
que calculem o tempo de viagem entre dois pontos da cidade,
determinando qual o melhor trajeto para os motoristas seguirem.
Uma outra idéia é incentivar o transporte solidário,
beneficiando os condutores de veículos que tenham mais
de duas pessoas à bordo com medidas como a permissão
para usar faixas seletivas em vias expressas, por exemplo. Cuidar
de vias importantes da cidade, como a Avenida das Américas,
que precisa de duplicação entre a Estrada dos
Bandeirantes e a Grota Funda.
Estudar soluções para o transporte na Zona Oeste.
Uma luta antiga minha é pela implantação
e utilização de ciclovias. O Rio tem 140 Km de
ciclovias. A rede cicloviária na cidade é a segunda
em extensão na América Latina. É um hábito
saudável e ecológico e pode desafogar bastante
o trânsito, principalmente em regiões onde o acesso
com outros transposrtes é ruim.
JA - O governo Lula vai liberar R$ 85 milhões para beneficiar
a cidade na disputa para sediar as Olimpíadas de 2016.
É válido investir tanto dinheiro para trazer a
Olimpíada de 2016 para o Rio em detrimento de áreas
prioritárias como habitação, saúde
e educação?
SA – Sem dúvida. Como deputada, participei da votação
e ajudei a aprovar a liberação desta verba, que
será fundamental para fazermos dos Jogos Olímpicos
no Rio um sucesso, assim como foi o Panamericano. É preciso
lembrarmos que esporte é inclusão social e, uma
competição deste porte, atrai visibilidade e divisas
para a cidade. São turistas e empresários colocando
dinheiro no Rio.
JA – Como a senhora pretende reduzir impostos como IPTU?
SA – O IPTU é um imposto importante para a conservação
da cidade. Não posso me comprometer a colocar em risco
a saúde financeira do Rio, conquistada tão competentemente
pelo prefeito Cesar Maia.
JA - Pretende beneficiar a abertura de novas empresas
na cidade? Se sim, como?
SA – O Rio tem que recuperar a centralidade e atrair empresas.
Vou criar um escritório municipal de atração
de investimentos, para trazer novas companhias e empregos. Também
considero importante a implantação do Programa
de Incentivo ao Comércio de Rua, com apoio e orientação
aos comerciantes dos bairros. É preciso melhorar o ambiente
de negócios da cidade.
Para incentivar micro e pequenos empresários, vou criar
o Banco Municipal de Microcrédito, para incentivar novos
empreendimentos e evitar o fechamento de empresas. Também
vou implantar 25 postos do programa Carioca Empreendedor em
toda a cidade.
O Rio ainda é um pólo de negócios, muitas
das grandes empresas do país e do mundo têm sede
aqui. Temos que criar empregos qualificados, relativos a atividades
que agreguem mais divisas e importância ao município.
Esses empregos podem ser criados através de uma política
baseada na promoção internacional da cidade, contato
e suporte às empresas interessadas no Rio e, eventualmente,
o uso de incentivos fiscais.
Considero importante apoiar a Rio Soft e a feira RioInfo para
consolidar e expandir o pólo de informática da
cidade. E considero de suma importância o apoio da Prefeitura
a eventos como a Fashion Rio, semana de moda que ajuda a fortalecer
a indústria local. Outro nicho que pode ser bastante
explorado é a área securitária. Vou lutar
para que o Rio seja um pólo de seguro e resseguro.
O Rio precisa ainda desenvolver plenamente a sua vocação
turística, investindo em nichos específicos, como
o esporte, o entretenimento, negócios e ecoturismo. Na
área da administração municipal, vou implantar
o sistema de governo eletrônico, reduzindo a burocracia
e encurtando o prazo para obtenção de documentos
públicos.
JA - No seu programa de governo, há proposta
para racionalizar a máquina administrativa e melhorar
a eficiência da administração pública,
através dos servidores e equipamentos?
SA – Para mim, transparência e responsabilidade
são fundamentais na administração do Rio.
Como subprefeita, secretária de Habitação
e de Trabalho e Assistência Social, adquiri uma experiência
administrativa que me credenciam a gerir a cidade do Rio com
objetividade. Fiz questão de colocar no meu programa
de governo a continuidade dos sistemas de controle interno da
Prefeitura, o fortalecimento do programa Rio Transparente de
acesso público às informações sobre
receitas e despesas da Prefeitura e a determinação
de garantir o trabalho independente dos controladores e procuradores.
Além disso, pretendo ampliar o serviço de ouvidoria,
tornando-o uma ponte efetiva entre os cidadãos e a administração
municipal. Vou ainda implantar o sistema de governo eletrônico,
reduzindo a burocracia e encurtando o prazo para obtenção
de documentos públicos. Outra idéia é criar
o programa Prefeitura em Casa, para que os cidadãos visitados
pelas equipes municipais exponham suas necessidades. E para
aprofundar a participação popular na administração
municipal, quero ampliar o processo de consulta popular e de
audiências públicas nas intervenções
públicas e manter interlocução permanente
com associações de moradores, comerciais e empresariais.
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a entrevista:
asfunrio@asfunrio.org.br
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