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JORNAL
ASFUNRIO - Quais são as suas principais
propostas para atender as demandas dos servidores municipais?
ALESSANDRO MOLON – Os atuais benefícios
serão mantidos. Vou me sentar com os representantes
dos servidores e, com transparência, abrir as
contas públicas para buscar consenso na definição
de um cronograma para a recuperação salarial
dos funcionários. A gestão precisa ser
melhorada, para cortar gastos. A parcimônia com
o dinheiro público vai ser a rotina de meu governo.
Pretendo reduzir o número de secretarias de 26
para 16, e não cogito fazer obras faraônicas,
como a Cidade da Música. Tenho convicção
de que as parcerias que pretendo fazer com os governos
federal e estadual na gestão da segurança
pública devem garantir uma cidade mais segura.
Isto certamente favorecerá a dinamização
de alguns dos setores da economia em que o Rio se destaca
(turismo, entretenimento, cultura).
A dinamização dessas atividades vai produzir
aumento de arrecadação. Trabalhando nas
duas pontas, de corte de gastos de um lado, e de aumento
de arrecadação, de outro, racionaliza-se
a questão orçamentária. Com o orçamento
equilibrado, poderemos dar prioridade à melhoria
da remuneração dos servidores.
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JA - O município do Rio tem hoje mais de 3 mil
servidores celetistas, alguns com mais de 20 anos de serviço.
Quais são suas propostas para esses servidores? Há,
por exemplo, proposta para efetivá-los? Se sim, quais serão
as regras para a efetivação dos celetistas?
AM – Pretendo efetivar aqueles que entraram no serviço
público por meio de concurso.
JA
- Pretende criar novos concursos públicos no município?
AM – Sim, primeiramente nas áreas onde há
mais carência: saúde, educação e
na Guarda Municipal.
JA
– Quais são as suas propostas para o setor da saúde?
AM – A prevenção será prioridade
na minha gestão. Vamos ampliar o horário dos postos
de saúde para até 22h e montar 500 equipes do
Programa Saúde da Família, garantindo atendimento
no domicílio a pelo menos 50% da população.
Vamos recuperar a rede hospitalar e contratar pessoal para garantir
atendimento digno a todos. As filas vão acabar, porque
as consultas serão marcadas por telefone, através
de uma central que será montada exclusivamente para isso.
JA
- Como pretende reduzir a lotação nos hospitais
municipais e melhorar o atendimento?
AM – Três soluções para reduzir a
lotação dos hospitais: em primeiro lugar, organizar
o fluxo através da criação de uma Central
de Regulação de Leitos, que identifique em toda
a rede as áreas de disponibilidade e as áreas
congestionadas; em segundo lugar, investir em infra-estrutura
para reduzir o tempo de permanência na emergência;
e, por fim, investir na atenção básica
à saúde.
JA
– Como o senhor pretende combater a epidemia da dengue,
que sempre assola o Rio no verão?
AM – Os prognósticos dos especialistas levam a
crer que no verão de 2009 não haverá epidemia
da dengue no município do Rio de Janeiro. Isso se dará
não por um controle eficiente do vetor, mas porque grande
parte da população já adoeceu da dengue
tipo 2. Porém, se nada for feito, corremos o risco de
reintrodução do tipo 1 no verão de 2010.
Por isso, já na transição iniciarei um
processo de diagnóstico do atual programa, que não
está tendo êxito, para permitir um planejamento
eficiente a ser implementado logo a partir do primeiro dia.
A curto prazo, minha prioridade será reduzir drasticamente
o índice de pendência (imóveis não
visitados por diversos motivos), que no Rio é alarmante.
É perfeitamente factível, ainda em 2009, uma redução
da pendência de 40% para menos de 10%. E a capacitação
dos agentes de saúde será outra prioridade nas
primeiras ações do governo na área da saúde.
Outras ações serão adotadas:1) Ampliação
do Programa Saúde da Família até atingirmos
a cobertura de 50% da população carioca, com prioridade
para as áreas mais pobres e de maior risco para a saúde.
2) Levantamento das carências de agentes de saúde
para uma possível reposição de pessoal.
Vamos investir na capacitação dos agentes de saúde
e melhorar as condições de trabalho, acabando
com a contratação precária e formalizando
sua relação de trabalho. 3) Promoção
de atividades recreativas e culturais nos finais de semana,
aproveitando-se o evento para um mutirão de visitas,
envolvendo agentes e comunidades. 4) Alertar mais forte à
sociedade para a questão da dengue, com a realização
de campanhas durante o ano inteiro, principalmente antes do
verão. 5) Para os casos que não puderem ser evitados,
capacitação e ampliação do número
de profissionais para o diagnóstico precoce e o tratamento
adequado.
JA - Pretende contratar mais profissionais para as áreas
da saúde e educação?
AM – Sim. Não pretendo economizar na política
de recursos humanos para essas áreas.
JA
– O senhor é a favor da aprovação
automática no ensino público? Quais são
as suas propostas para a educação?
AM – Uma das minhas primeiras iniciativas no governo será
a revogação dos atos administrativos que implantaram
a aprovação automática. Vamos combater
a repetência e a evasão usando outros recursos
que garantam a aprendizagem. Uma política efetiva para
eliminar a reprovação requer um acompanhamento
rigoroso dos alunos, e isso exige turmas menores. Vamos adotar
um teto máximo de 25 alunos por turma na pré-escola
e nas séries iniciais do ensino fundamental, e de 30
alunos nas séries seguintes. Vamos adotar práticas
como aulas de reforço no contra-turno e estudos de recuperação.
Vamos dar atendimento especial às escolas que se localizam
em áreas violentas para que elas possam melhorar seu
rendimento, que hoje é mais baixo que o das outras escolas
da rede. Enfim, vamos dar condições de trabalho
aos profissionais e oportunidades de aprendizagem aos alunos.
JA
- No seu governo, os familiares dos servidores poderão
ter direito ao plano de saúde?
AM – Vamos estudar a possibilidade a partir da análise
da situação econômico-financeira da prefeitura,
em especial do Fundo de Assistência à Saúde
do Servidor.
JA – O senhor é a favor que a Guarda Municipal
tenha regime estatutário, e que ainda adquira poder de
polícia?
AM – Sou favorável à mudança de regime
trabalhista para a Guarda Municipal. Vou valorizá-la,
dando a seus agentes condições de trabalho e garantias
funcionais. Não concordo, no entanto, que a Guarda deva
ter poder de polícia. Pretendo dar uma nova identidade
à Guarda Municipal, transformando-a cada vez mais em
guarda comunitária, parceira dos cariocas e destinada
a executar o policiamento preventivo e comunitário nas
áreas de proteção ambiental, nos parques
públicos, nas escolas e praças públicas.
A Guarda Municipal estará nas ruas para proteger os cidadãos
JA
- De que forma o município poderá ajudar no combate
à violência?
AM – Minha proposta é criar a Secretaria Municipal
de Segurança e Cidadania e implantar um plano municipal
de segurança. Vamos instalar o Gabinete de Gestão
Integrada Municipal, instrumento previsto no Pronasci (Programa
Nacional de Segurança com Cidadania), do Ministério
da Justiça. Por meio desse gabinete, as polícias
federal, militar, civil, o Corpo de Bombeiros e a Guarda Municipal
poderão planejar e articular ações de enfrentamento
da criminalidade. A Guarda Municipal vai ser liberada do trânsito
para cuidar apenas da população. E vai passar
a operar durante 24 horas.
JA
- Há proposta para melhorar a iluminação
na cidade, pois há várias ruas em completo apagão,
o que beneficia a ação de criminosos?
AM – Vamos dar eficiência à RioLuz e iluminar
a cidade. que está escura e, por isso, mais perigosa,
principalmente para as mulheres.
JA
- O que fará para conter o avanço das favelas?
AM – A favelização é, de fato, um
grande problema da cidade. A construção irregular
não é coibida. Faltam mecanismos institucionais
e instrumentos tecnológicos de monitoramento da expansão
das favelas. A cidade viu as favelas crescerem porque não
se tem política habitacional, muito menos uma política
habitacional articulada com uma política de transporte
que não seja pensada visando atender aos interesses dos
empresários do setor. Estamos propondo destinar 1% do
orçamento municipal para implantar um programa de construção
de moradias. Em parceria com o Governo Federal, poderemos construir
60 mil habitações populares até o final
do governo. As favelas serão disciplinadas porque vou
criar legislação urbanística para isso.
Somando-se isso à política de transportes que
pretendo adotar, estaremos no caminho da solução
do problema.
JA
- Quais são as suas propostas para o setor de transporte?
AM – Vamos organizar o sistema através da licitação
de todas as linhas de ônibus e vans. Desse processo licitatório
resultará um sistema realmente estruturado para atender
à população, pois extinguiremos linhas
superpostas, que criam excesso de oferta, e criaremos outras
para atender áreas em que haja demanda. Para desafogar
o trânsito, acreditamos na eficácia dos veículos
leves sobre trilhos (VLT). Implantaremos duas linhas: uma ligará
o início da Barra ao final do Recreio, pela Avenida das
Américas; a outra, em parceria com os governos federal
e estadual e com a iniciativa privada, fará a ligação
Barra da Tijuca-Ilha do Governador, passando por Jacarepaguá,
Madureira e Penha e integrando-se aos trens e ao metrô.
Incentivaremos, também, o transporte hidroviário,
subestimado numa cidade litorânea, licitando a concessão
da linha Praça 15-Barra da Tijuca
JA
- Quais serão suas principais ações para
amenizar/resolver os problemas de engarrafamento na cidade?
AM – A licitação de ônibus e vans
vai organizar o sistema, reduzindo o volume do trânsito
no Centro da cidade com a extinção de linhas.
O transporte ilegal, vans e ônibus piratas, será
reprimido, o que contribuirá também para a redução
de veículos em circulação. A organização
do sistema vai trazer mais eficácia e conforto para o
usuário, estimulando o uso do transporte coletivo. O
incentivo ao transporte hidroviário, com a licitação
da concessão da linha Praça 15-Barra da Tijuca,
também vai tirar veículos particulares das ruas.
A construção da linha 4 do metrô, em parceria
com o governo estadual, é outra ação que
contribuirá para o estímulo ao uso do transporte
coletivo.
JA
- O governo Lula vai liberar R$ 85 milhões para beneficiar
a cidade na disputa para sediar as Olimpíadas de 2016.
É válido investir tanto dinheiro para trazer as
Olimpíadas de 2016 para o Rio em detrimento de áreas
prioritárias como habitação, saúde
e educação?
AM – Acredito que esses investimentos são necessários
porque as Olimpíadas podem trazer benefícios para
toda a cidade. No âmbito exclusivamente dos esportes,
ocorre saudável massificação da prática
esportiva. A sociedade se mobiliza de uma forma fantástica
em eventos dessa natureza, e trata de reproduzir, na seqüência
de sua rotina de vida, os exemplos saudáveis a que teve
oportunidade de assistir. Um legado importante também
para a cidade, e vem em socorro do crescimento da demanda catalisada
pelos jogos, é a construção de novos equipamentos
esportivos e a modernização dos já existentes.
Há também um legado econômico, pois a cidade
aumenta sua visibilidade como sede de eventos, expõe-se
na mídia internacional e reforça sua posição
como destino turístico. Quando se faz uma preparação
séria para um grande evento como esse, obtém-se
também um legado social de muita relevância, que
são as melhorias no trânsito, na segurança
e no meio ambiente, principalmente, sem falar na sensação
de bem-estar de uma população reconciliada com
seu hábitat.
No entanto, deve-se adotar uma política diferente do
que ocorreu no Pan-americano, quando não tivemos benefícios
estendidos à população. Construímos
o Estádio Olímpico com dinheiro público
e a população não pode utilizá-lo.
Não houve melhorias no sistema de transportes.
Além disso, o estímulo à pratica de esportes
é muito benéfico, principalmente para os jovens
de nossa cidade.
JA
- Pretende reduzir impostos como IPTU?
AM – Pretendo adotar uma política de incentivo
tributário às atividades econômicas importantes
para a cidade, e que são vocações naturais.
Também pretendo reduzir o IPTU das áreas onde
pretendo estimular a ocupação urbana.
JA
- Pretende beneficiar a abertura de novas empresas na cidade?
Se sim, como?
AM – Certamente. A abertura de novas empresas é
fundamental para a cidade. Minha gestão vai incentivar
a vinda de novas empresas para o Rio, com o estímulo
do corte em alguns dos impostos municipais. Os incentivos fiscais
são a forma de a prefeitura atrair empresas para a cidade
e, assim, criar condições para a geração
de novos postos de trabalho. Isso se faz baixando impostos e
investindo em segurança pública para criar um
clima mais propício a novos investimentos para o Rio.
Assim que tomar posse, vou conversar com o Governo do Estado
sobre a possibilidade de diminuição do ICMS, imposto
estadual, para empresas das áreas de comunicação
e energia.
JA
- De que forma pretende atrair investimentos para a cidade?
AM – Melhorando as condições de vida, qualificando
a população e reduzindo a burocracia. Ou seja,
quero melhorar o ambiente de negócios da cidade.
JA
- No seu programa de governo, há proposta para racionalizar
a máquina administrativa e melhorar a eficiência
da administração pública, através
dos servidores e equipamentos?
AM – Faremos a revisão do Sistema Municipal de
Informática, com reestruturação das diversas
áreas de informática da prefeitura, inclusive
a IplanRio, para possibilitar o atendimento das novas demandas
de governo eletrônico e inclusão digital. Implantaremos
uma nova metodologia de compras e de homologação
para materiais e serviços de informática, capazes
de influir na politica industrial da cidade do Rio de Janeiro.
Vamos oferecer o maior número possível de serviços
públicos da prefeitura na internet, via portal e dispositivos
móveis, como celulares. Criaremos um número único
0800 para acesso a todos os serviços e informações.
Usaremos a internet para promover a participação
popular por meio de consultas públicas em todos os bairros.
Desenvolveremos prioritariamente os serviços que promovam
os direitos da população, principalmente nas áreas
de atendimento ao cidadão, educação, saúde,
segurança, saneamento e transportes.