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JORNAL
ASFUNRIO -
Quais são as suas principais propostas para atender
as demandas dos servidores municipais?
CHICO
ALENCAR – A nossa principal proposta
é implantar uma política de pessoal democrática.
Negociar com as categorias de servidores do município
planos de cargos e salários que atendam às
suas justas reivindicações dentro do quadro
de limitações dos recursos orçamentários.
Para isso, daremos total transparência às
contas do município. Na saúde e na educação,
que são áreas prioritárias, chamaremos
os concursados que aguardam chamada e realizaremos novos
concursos para preenchimento das vagas existentes. Na
medida das possibilidades, estenderemos esses concursos
para outras áreas que estão com déficit
de pessoal.
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JA
- O município do Rio tem hoje mais de 3 mil servidores
celetistas, alguns com mais de 20 anos de serviço. Quais
são suas propostas para esses servidores? Há,
por exemplo, proposta para efetivá-los? Se sim, quais
serão as regras para a efetivação dos celetistas?
CA – Servidor celetista é uma aberração,
herança do pensamento neoliberal. Vem corroendo o serviço
público. Os servidores com mais de vinte anos de serviço
têm direito adquirido. Não se pode dispensá-los
sumariamente. O importante é que os atuais celetistas
produzam em suas áreas profissionais e contribuam efetivamente
para a melhoria dos serviços públicos prestados
à população. Mas a efetivação
como estatutários, constitucionalmente, só é
possível através de concurso público. Desde
a Constituição de 1988, o concurso público
é a única via de ingresso no serviço público.
JA
– O senhor pretende criar novos concursos públicos
no município?
CA – Sim. Pretendo não apenas chamar ao trabalho
os servidores já aprovados, como realizar novos concursos,
porque a demanda por profissionais em alguns setores ainda é
muito grande.
JA
- Quais são as suas propostas para o setor da saúde?
CA – Em meu governo, a área social será
prioridade absoluta, e vai receber a maior parte dos investimentos
orçamentários. Os sistemas de educação
e saúde serão integrados. Posso citar aqui algumas
das minhas principais propostas para a saúde. A primeira
delas é fazer uma completa auditoria das verbas do SUS.
Depois, queremos trabalhar a saúde dando prioridade a
um programa com base na prevenção, destacando
o combate aos vetores transmissores de doenças infecto-contagiosas.
Também abriremos emergências 24 horas nos postos
de saúde, priorizando regiões de menor renda,
e fortaleceremos o programa “médico de família”.
JA
- Como o senhor pretende reduzir a lotação nos
hospitais municipais e melhorar o atendimento?
CA – Através, justamente, da utilização
dos postos de saúde mais próximos dos bairros,
onde abriremos emergências 24 horas, contratação
de mais profissionais, e investimento em saneamento básico
e em educação, de maneira a reduzir a incidência
de doenças.
JA
- Como pretende combater a epidemia da Dengue, que sempre assola
o Rio no verão?
CA – Como tenho dito, trataremos a saúde de forma
preventiva. A postura será essa. Vamos criar campanhas
de conscientização da população,
para que tomem em suas casas as medidas necessárias,
e vamos combater na raiz as causas de reprodução
do vírus. A epidemia que vitimou o Rio no último
verão foi resultado, principalmente, da omissão
dos atuais governantes, que em nenhum momento se preocuparam
em prevenir, nem em combater o problema, depois que ele já
havia surgido.
JA
- Pretende contratar mais profissionais para as áreas
da saúde e educação?
CA – São as duas áreas prioritárias
em meu governo, e é evidente que tenho que contratar.
É obrigação constitucional da Prefeitura,
por exemplo, investir pelo menos 25% em Educação.
Mas a atual gestão da Prefeitura não o faz. Não
vamos construir uma cidade diferente dessa que está ai
sem estabelecer o foco totalmente em Educação
e Saúde.
JA
– O senhor é a favor da aprovação
automática no ensino público? Quais são
suas propostas para a Educação?
CA – Sou contra, e vou revogar logo no início de
meu mandato. O meu programa para a Educação é
muito amplo, mas em linhas gerais posso citar alguns pontos.
Um deles eu já citei. A aplicação de 25%
do Orçamento em Educação é o limite
mínimo que admitimos. Também pretendemos diminuir
o número de alunos por sala de aula, expandir a rede
pública de creches e educação infantil,
formular o projeto político-pedagógico com a participação
popular, e unificar o plano de carreira de maneira a valorizar
o profissional de Educação.
JA
- No seu governo, os familiares dos servidores poderão
ter direito ao plano de saúde?
CA – É um contra-senso a situação
atual da assistência médica para os servidores
públicos. O poder público confessa a sua incompetência
quando contrata planos de saúde privados. Isso significa
que ele não oferece um serviço público
de saúde de qualidade. A nossa proposta é de recuperar
os serviços de saúde públicos para atender
com qualidade aos servidores e à toda a população.
No quadro atual de desmantelamento da saúde pública,
a Prefeitura se vê na contingência de oferecer uma
alternativa de plano de saúde privado a seus funcionários
e familiares, como o faz todas as empresas.
JA
- É a favor que a Guarda Municipal tenha regime estatutário,
e que ainda adquira poder de polícia?
CA – Nós vamos sim estabelecer o regime estatutário
para a Guarda Municipal. E ela será consolidada como
defensora do patrimônio público, organizadora do
transito e orientadora da cidadania.
JA
- De que forma o município poderá ajudar no combate
à violência?
CA – Ao contrário do que pensam outros candidatos,
penso que o prefeito pode fazer muito para ajudar no combate
à violência. Primeiramente, quero reivindicar um
lugar no Conselho de Segurança Pública, que discute
medidas de promoção de segurança. Como
líder político, o prefeito não pode ficar
de fora do Conselho. Quero também implementar nas escolas
o programa “educação para a justiça
e paz”, de maneira a formar o jovem contra o crime. O
planejamento conjunto das políticas de Educação,
Cultura, Esporte e Segurança Pública também
será imprescindível no sentido de criar uma estrutura
social que tire as crianças do crime. Também vamos
criar centros de consultoria jurídica nas comunidades,
em parceria com a OAB, e utilizar os serviços da Guarda
Municipal.
JA
- Há proposta para melhorar a iluminação
na cidade, pois há várias ruas em completo apagão,
o que beneficia a ação de criminosos?
CA – É evidente que sim. Trechos mal iluminados
favorecem a ação do crime, e tornam-se trajeto
proibido aos cariocas, dificultando a locomoção
pela cidade. Isso é inadmissível. Não é
difícil resolver esse problema. O que falta é
vontade política. E também não podemos
privilegiar apenas a iluminação de áreas
ricas da cidade. Todas as regiões devem ser atendidas.
JA
– Se eleito, o que o senhor fará para conter o
avanço das favelas?
CA – Veja bem, é preciso muita lucidez para avaliar
essa questão. Por um lado, há algumas medidas
urgentes que reduziriam a necessidade de vários cidadãos
de viver em favela. A necessária política habitacional
de ocupação de espaços residenciais abandonados
na cidade, as melhorias no sistema de transporte, que facilitariam
a locomoção pela cidade, diminuindo a necessidade
de se morar perto do trabalho, e a elevação do
padrão de vida do cidadão carioca – o que
se faz, a longo prazo, com investimento em educação
e distribuição igualitária dos recursos.
Por outro lado, temos que ter os pés no chão.
A favela é, hoje, um lugar onde vivem diversos seres
humanos, e tenhamos os pés no chão: não
podemos tirá-los de lá da noite para o dia. Então,
temos que dar condições humanas para que essas
pessoas vivam, levando o Estado até elas.
JA
- Quais são suas propostas para o setor de transporte?
CA – Temos, acima de tudo, que desenvolver um novo sistema
com integração tarifária e intermodal,
a partir de um amplo diagnóstico feito com a participação
de usuários e técnicos. Vamos também licitar
as 420 linhas de ônibus, propor um marco regulatório
que democratize a gestão do sistema de transportes, regularizar
e integrar o transporte alternativo da cidade, tomando o cuidado
de combater as máfias do setor.
JA
- Quais serão as suas principais ações
para amenizar/resolver os problemas de engarrafamento na cidade?
CA – Posso acrescentar que, mapeando os gargalos do trânsito
da cidade, pode-se focar medidas para pontos específicos.
É importante lembrar também que, uma vez eleito,
convocarei o Congresso da Cidade, onde medidas para todas as
áreas serão discutidas, e evidentemente, propostas
para a área dos transportes serão levantadas,
discutidas e analisadas.
JA
- O governo Lula vai liberar R$ 85 milhões para beneficiar
a cidade na disputa para sediar as Olimpíadas de 2016.
É válido investir tanto dinheiro para trazer a
Olimpíada de 2016 para o Rio em detrimento de áreas
prioritárias como habitação, saúde
e educação?
CA – Como carioca e amante de esporte, eu torço
para que o Rio de Janeiro vença a disputa para sediar
as Olimpíadas de 2016. Mas é triste perceber que
o Estado se aproveita, muitas vezes, desse sentimento popular,
para desviar recursos que poderiam ser investidos na área
social para empresas de “amigos”. No Pan-americano,
por exemplo, o gasto governamental foi colossal, e até
hoje não se prestou contas suficientemente à sociedade.
A construtora OAS, por exemplo, que fez muitas obras no Pan,
hoje está financiando quase todas as candidaturas dos
meus adversários. Para mim, nem ofereceram, porque conhecem
minha independência.
JA
- Pretende reduzir impostos como IPTU?
CA – Sim e não. Reduzir impostos para uns e aumentá-lo
para outros, de modo a promover uma distribuição
menos injusta da carga tributária. Os impostos no Brasil
pesam mais sobre os que têm menor renda. Os 10% mais pobres
pagam 44,5% mais do que os 10% mais ricos, de acordo com pesquisa
elaborada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Segundo o estudo, a carga tributária representa 22,7%
da renda dos 10% mais ricos. Para os 10% mais pobres, no entanto,
o peso equivale a 32,8% de sua renda.
JA
- Pretende beneficiar a abertura de novas empresas na cidade?
Se sim, como?
CA – Se você se refere a privilégios e isenções
de impostos para grandes empresas, não é isso
o que pretendemos fazer. Mas teremos uma política de
geração de emprego e renda que contempla o estímulo
à pequena e média empresa, que é a grande
empregadora, a facilitação das atividades econômicas
de fundo de quintal e a legalização da informalidade
para a maioria dos trabalhadores autônomos e ambulantes.
JA
- De que forma pretende atrair investimentos para a cidade?
CA – Pretendo contribuir para uma cidade com menos desigualdades
e tensões sociais. Desse modo, estaremos contribuindo
para atrair novas empresas para a cidade, sobretudo nas áreas
de turismo e de tecnologia limpa, como informática. O
atual quadro de barbárie, com a cidade conflagrada, com
risco de epidemias e balas perdidas, afugenta investimentos.
JA
- No seu programa de governo, há proposta para racionalizar
a máquina administrativa e melhorar a eficiência
da administração pública, através
dos servidores e equipamentos?
CA – O principal ponto que gostaria de salientar é
uma política de pessoal que valorize o funcionalismo
e elimine o loteamento da administração municipal
pelos apadrinhados políticos. Nesse sentido, queremos
reduzir drasticamente as nomeações para cargos
de confiança e aproveitar ao máximo os servidores
de carreira em postos de direção.