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JORNAL
ASFUNRIO - Quais são as suas principais
propostas para atender as demandas dos servidores municipais?
FERNANDO
GABEIRA - Os servidores municipais são
fundamentais para a prestação de políticas
públicas de qualidade à população.
Entretanto, somente após uma análise cuidadosa
do orçamento 2009 - que terá sido encaminhado
à Câmara até 30/09, com a divisão
de receitas superestimada, em função da
crise financeira, - e dos "esqueletos" que
ainda encontraremos nos armários da Secretaria
de Fazenda é que poderemos delinear as propostas
para o setor.
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JA
- O município do Rio tem hoje mais de 3 mil servidores
celetistas, alguns com mais de 20 anos de serviço. Quais
são as suas propostas para esses servidores? Há,
por exemplo, proposta para efetivá-los? Se sim, quais
serão as regras para a efetivação dos celetistas?
FG – Consideramos saudável o caminho da efetivação.
Entretanto, temos que analisar a questão sobre todos
os méritos (jurídico/econômico/financeiro)
para buscarmos a solução mais palatável.
JA
- Pretende criar novos concursos públicos no município?
FG – Sim.
JA
- Quais são as suas propostas para o setor da saúde?
E como pretende reduzir a lotação nos hospitais
municipais e melhorar o atendimento?
FG – Aprimoraremos a atenção primária,
com soluções inovadoras aplicadas em cidades como
São Paulo. Ampliaremos os gastos com saúde, em
queda desde 2003. Aumentaremos a rede saúde da família
(PSF) e a de ambulatórios, atendendo manhã, tarde
e noite. Integraremos os postos de saúde ao sistema hospitalar,
como Curitiba. Como prefeito, buscarei a cooperação
dos governos estadual e federal, pactuando com UPAs estaduais
o compromisso de melhor organizar e encaminhar atendimentos
de urgência. E expandiremos a distribuição
de medicamentos gratuitos.
Em unidades hospitalares municipais, especialmente de emergência,
estipularemos gestão com metas e gratificação
por desempenho, como na Espanha – o que resultará
em eficiência e humanização. Cobrarei o
mesmo de instituições estaduais e federais. E
cuidarei da implantação integral do SUS e da informatização
do sistema, estipulando consultas com hora marcada nos ambulatórios.
JA
- Como pretende combater a epidemia da Dengue, que sempre assola
o Rio no verão?
FG – É muito difícil para o candidato evitar
uma epidemia no verão de 2009, uma vez que os elementos
mais importantes da prevenção vão se dar
antes da sua posse. Mas, evidentemente, é possível
fazer prevenção através de campanhas educativas,
do monitoramento dos principais pontos onde há foco de
dengue, e, em alguns lugares, através do uso de helicópteros
para filmar as caixas d'água vazias e, assim, conseguir
ir exatamente ao ponto onde é preciso ir. Na nossa administração,
faremos prevenção eficiente, especialmente de
epidemias, usando o plano de mobilização da rede
pública e privada para tentar evitar mortes por dengue.
JA - Pretende contratar mais profissionais para as áreas
da saúde e educação?
FG – Sim.
JA
– O senhor é a favor da aprovação
automática no ensino público? Quais são
as suas propostas para a educação?
FG – A aprovação automática, da forma
como foi feita, levou-a rejeição. No Rio, inclusive,
a reprovação não é pequena. O que
deveria existir é um sistema de ciclos de aprendizagem,
que forma blocos, sem levar em conta o ano civil, mas o movimento
de aprendizagem. Ao fim de cada ciclo, durante o qual deve haver
mecanismos freqüentes e diversos de avaliação,
o aluno pode continuar em frente - se necessário, com
um acompanhamento paralelo - ou permanecer no mesmo ciclo, se
não cumprir os objetivos estabelecidos.
Esse sistema existe nos países mais avançados
e tem como base teórica Piaget e Vigotsky. O que aconteceu
no Rio foi que o atual Prefeito, ao assumir em 1993 a Prefeitura,
na tentativa de criar imagem diferenciada de seu antecessor,
rompeu com o projeto educacional em andamento, que implantava
o sistema de ciclos por etapas, investindo na qualificação
e na ampliação do tempo das crianças na
escola, usando o sistema de adesão ao projeto, para não
criar resistências desnecessárias. Em 2000, o atual
Prefeito recomeçou projeto semelhante, de forma atabalhoada
e incompetente, por decreto, sem capacitação específica
ou material pedagógico orientador, gerando um caos na
rede, e instituindo a cruel idéia de que os ciclos são
responsáveis pela baixa qualidade do ensino.
O problema não está no modelo teórico que
gerou o projeto - que, aliás, não é de
avaliação -, mas na incapacidade, técnica
e política de quem o implantou. Portanto, o que se precisa,
infelizmente depois de tanto tempo, e que no mundo moderno é
crucial, é refazer o caminho, investir nas discussões
em todas as instâncias já existentes, valorizar
o professor e a equipe das escolas, dar prioridade à
capacitação permanente e produzir vasto material
pedagógico. Ou seja, fazer a educação voltar
aos trilhos.
JA - No seu governo, os familiares dos servidores poderão
ter direito ao plano de saúde?
FG – Sim.
JA
– O senhor é a favor que a Guarda Municipal tenha
regime estatutário, e que ainda adquira poder de polícia?
FG – Sim, desde que seja acompanhado de um Estatuto que
defina o compromisso com a Instituição e o Município.
JA
- De que forma o município poderá ajudar no combate
à violência?
FG – A segurança e a paz na cidade exigirão
um esforço decidido e integrado de todos os atores públicos
e privados, inclusive da Prefeitura Municipal, para realizar
desde as melhorias no cotidiano da cidade até o combate
decidido à violência e à criminalidade.
A Guarda Municipal contribuirá para a segurança
pública usando comunicação em tempo real
e armas não letais. Trabalharemos em parceria com a Polícia
Militar no policiamento ostensivo da cidade. Mas o destaque
será o uso de novas tecnologias pela guarda municipal,
que contará com novos meios de comunicação
(celulares, rádios inteligentes), para acionar as forças
policiais armadas, quando necessário.
Além disto, a prefeitura produzirá e fornecerá,
sistematicamente, informações (disponíveis
nas câmeras da cidade, nas suas pesquisas e nos informes
da guarda municipal) para os sistemas de inteligência
das polícias civil e militar, visando o combate ou a
prevenção à criminalidade. O geo-referenciamento
dos crimes em parceria com o Governo do Estado será prioritário.
Outra contribuição decisiva da Prefeitura para
a segurança será a garantia da ordem no ambiente
cotidiano. A vida social na cidade é pautada por leis
e regras de convivência, que devem ser seguidas por todos
nós. A falta de limite, o desrespeito às regras
e a desordem no ambiente estimulam a sensação
de impunidade e o "vale-tudo", propício ao
desenvolvimento da violência e da criminalidade. Por isso,
a Prefeitura atuará com toda a força no controle
das posturas, na organização e limpeza dos ambientes
públicos e na promoção da civilidade no
trânsito.
JA
- Há proposta para melhorar a iluminação
na cidade, pois há várias ruas em completo apagão,
o que beneficia a ação de criminosos?
FG – Melhorar a iluminação da cidade é
uma prioridade, justamente pelo motivo citado na enunciação
da pergunta.
JA
– Se eleito, o que o senhor pretende fazer para conter
o avanço das favelas?
FG – A nossa Prefeitura dará ênfase à
desfavelização - urbanização e organização
das favelas com medidas concretas, inovadoras e firmes para
estes espaços, além do apoio decidido à
liberação das áreas da cidade hoje sob
o domínio de criminosos. O conceito é de integração
à malha e à vida urbana regular. Em parceria com
o setor privado, a Prefeitura estimulará a melhoria das
habitações e criará projetos urbanísticos
para que estes se tornem lugares bonitos e melhores de se viver.
Também se empenhará em viabilizar a regularização
fundiária e a formalização dos micro e
pequenos negócios nas comunidades.
JA
- Quais são as suas propostas para o setor de transporte?
E quais serão suas principais ações para
amenizar/resolver os problemas de engarrafamento na cidade?
FG – O trânsito é um grande nó metropolitano.
As políticas que visam, simplesmente, a acompanhar o
crescimento de veículos, construindo avenidas e viadutos,
estão esgotadas. É preciso uma intervenção
mais complexa, que vai desde a criação de corredores
especiais para ônibus, até a articulação
com o governo do estado para a ampliação do metrô,
a reorganização da malha de serviços coletivos,
a ampliação das ciclovias, e a mudança
gradual para micro-ônibus.
Um dos problemas urgentes é reestruturar as linhas de
ônibus no Rio, para distribuir melhor o serviço
e reduzir o percurso de algumas viagens. Vamos integrar o transporte
coletivo, fazendo com que alguns pontos funcionem como estações
de metrô, nas quais o usuário muda de veiculo sem
necessidade de comprar novo bilhete. O caminho para isto é
a nova concessão que será feita pelo novo prefeito
em até 18 meses.
Trata-se apenas de uma preparação necessária
para o bilhete único de três horas, que dará
às pessoas a possibilidade de utilizar diferentes meios
de transporte (vans legalizadas, ônibus, metrô,
trens e barcas) pagando um só bilhete. O carioca paga
mais por transporte público do que os habitantes de outras
metrópoles brasileiras.
JA
- O governo Lula vai liberar R$ 85 milhões para beneficiar
a cidade na disputa para sediar as Olimpíadas de 2016.
É válido investir tanto dinheiro para trazer a
Olimpíada de 2016 para o Rio em detrimento de áreas
prioritárias como habitação, saúde
e educação?
FG – É válido, desde que o investimento
seja feito com o objetivo de preencher as condições
necessárias para sediar as Olimpíadas. De um modo
geral, esses investimentos aumentam a mobilidade da cidade,
protegem o meio ambiente e abrem empregos para a população.
JA
- Pretende reduzir impostos como IPTU?
FG – Pretendemos implantar a nota fiscal eletrônica
para ampliar a arrecadação do ISS e evitar a sonegação
e a corrupção. Em função da implantação
da nota fiscal eletrônica poderemos até reduzir
para 2% a alíquota do ISS de alguns setores da economia,
como, por exemplo, os serviços de informática.
Quanto à planta de valores que respalda a cobrança
do IPTU, que é normalmente reajustado pelo IPCA-E, poderemos
fazer algumas revisores nessas plantas de valores, desde que
a área tenha sido desvalorizada em função
da ocupação irregular e conforme o estado de anomia
reinante no local.
JA
- Pretende beneficiar a abertura de novas empresas na cidade?
E de que forma pretende atrair investimentos para a cidade?
FG – O setor privado é quem vai definir as vocações
econômicas do Rio de Janeiro. Mas o Município deve
fortalecê-las e induzi-las.
Turismo,
indústria cultural, entretenimento, serviços para
a cadeia produtiva do petróleo, serviços e indústrias
de base tecnológica são segmentos com grande potencial
de crescimento e dinamismo que podem alavanca a competitividade
e a prosperidade do Rio de Janeiro e contribuir para a inclusão
social produtiva – geração de empregos e
de oportunidades de pequenos, médios e grandes negócios.
As
maiores apostas serão no conhecimento (educação,
tecnologia, inovação) e na melhoria do ambiente
de negócios como forças econômicas motrizes
de longo prazo.
Prioridades:
1
- Integrar política urbana com fomento econômico
e atração de investimentos privados e públicos
com foco em projetos específicos (exemplo: projeto de
revitalização da região portuária
e da Avenida Brasil potencializando os efeitos do arco rodoviário;
pólos de produção áudio-visual;
etc);
2 - Mudança da escala e da qualidade
do turismo, ancorado em grandes eventos (carnaval, shows internacionais)
e na preparação da cidade para a Copa do Mundo
de Futebol (2014) e as Olimpíadas (2016) e no revigoramento
do turismo de negócios;
3 - Projeto de suporte da prefeitura, em parceria
com o setor privado, para o desenvolvimento de empresas de base
tecnológica, serviços avançados e intensivas
de conhecimento na cidade;
4 - Projeto de apoio ao desenvolvimento de
empresas de serviços orientadas para o setor energético
em geral e para os setor de petróleo & gás
em particular;
5 - "Parceria da ordem": formalização
regularização das empresas cariocas.
JA - No seu programa de governo, há proposta
para racionalizar a máquina administrativa e melhorar
a eficiência da administração pública,
através dos servidores e equipamentos?
FG – Sim, através de uma gestão por metas.