Polícia pede à prefeitura cadastro geral dos invasores do terreno da Oi

Nos 16 dias em que a polícia investiga a invasão do terreno da Oi, no Engenho Novo, ainda não foi possível sequer identificar as lideranças do movimento. Segundo o titular da 25ª DP (Engenho Novo), Niandro Ferreira Lima, que instaurou o inquérito que apura o crime de esbulho possessório (quando duas ou mais pessoas se reúnem para invadir, com violência ou grave ameaça terreno ou edifício alheio), os invasores nem sequer dão os nomes verdadeiros. Por causa disso, o delegado pediu à prefeitura, na segunda-feira, o cadastro geral dos invasores, assim que ele estiver pronto. Niandro explicou que desde o dia 31 de março, quando o terreno foi invadido, ele foi ao local com uma equipe para ouvir algumas pessoas, mas percebeu que alguns mentiam sobre os dados pessoais e davam endereços de origem não confiáveis. Até o momento, apenas três funcionários da concessionária, dona do imóvel, foram ouvidos pela polícia.

— Estamos tendo dificuldades para identificar as lideranças. Estivemos no terreno no primeiro dia da invasão, mas alguns invasores deram nomes falsos. É cedo para dizer se há a possibilidade de haver pessoas ligadas ao tráfico, sindicatos ou partidos políticos infiltrados entre os manifestantes. Temos que investigar com calma — comentou o delegado, que também tenta identificar os responsáveis pela destruição de quatro coletivos, dois caminhões e uma blazer da PM durante a desocupação, realizada na sexta.

Ao longo do fim de semana, os invasores ganharam a adesão de grupos afins — e outros nem tanto — às suas reivindicações. Desde que os manifestantes se dirigiram à sede da prefeitura para exigir o cadastramento em programas sociais, representantes do movimento dos trabalhadores sem-teto, lideranças sindicais, integrantes de partidos políticos, além de estudantes universitários, manifestantes de classe média, advogados e até estrangeiros apareceram no local. Nas redes sociais, páginas de grupos como o Anonymous e o Black Bloc pediam apoio e doações de comida, água e cobertores para as famílias oriundas das favelas de Manguinhos, do Jacarezinho e do Rato Molhado, que reivindicam casa e alegam não ter onde morar.

Apesar de não admitir estar diretamente envolvido com a manifestação, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) deliberou em sua última assembleia o envio de uma doação de alimentos e água. Segundo Marta Moraes, uma das coordenadoras da entidade, principalmente a presença de crianças fez com que os professores decidissem enviar os mantimentos. Também presente em quase todas as grandes manifestações recentes na cidade, o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sindsprev) cedeu um carro de som para acompanhar os manifestantes. Mas negou que tenha havido outras doações. Até a deputada Janira Rocha (PSOL), que enfrenta um processo de cassação na Alerj, apareceu no acampamento. Ela disse que foi chamada por um líder chamado André e que vai tentar ajudar na intermediação das demandas com a prefeitura:

— Vim da Região dos Lagos e, na hora que cheguei, estava tendo uma confusão envolvendo guardas municipais e os manifestantes. Fui para o carro de som e pedi para que todos se acalmassem porque aquele quebra-quebra não seria bom para ninguém. Vi gente do MTST, de mídias alternativas, do Sepe... É normal que numa luta como essa quem é de movimento social se aproxime. Queria eu que mais pessoas estivessem apoiando.

Uma investigação vai apurar responsabilidade pela série de ataques iniciada a partir da reintegração de posse do terreno da Oi. Além de tentar identificar os responsáveis pela destruição de quatro coletivos, dois caminhões e uma Blazer da PM, os policiais da 25ª DP (Engenho Novo) vão apurar também os motivos por trás da invasão da área.


Fonte: Jornal O Globo

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