Ações da Petrobras compradas com o Fundo de Garantia já acumulam perdas de 24% com últimos escândalos

Os trabalhadores que usaram parte do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para investir em ações ordinárias da Petrobras, em agosto de 2000, acumulam perdas de 24,37% no rendimento dos papéis, desde o início dos escândalos de corrupção envolvendo a empresa. O percentual acumulado se refere a perdas de dois períodos, calculadas pela BM&FBovespa a pedido do EXTRA: de abril de 2013, mês seguinte ao início da investigação de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena (EUA), até março deste ano, quando começou a Operação Lava Jato, que apura esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O outro período é de abril até anteontem, meses nos quais as investigações da Polícia Federal (PF) continuaram.

Nesses mesmos 20 meses, segundo cálculos do Instituto Fundo Devido ao Trabalhador, o saldo do FGTS parado na conta do trabalhador rendeu 11,2%, ao serem somados os percentuais de 6,14% e 4,77% dos períodos dos dois escândalos.

O cenário é bem diferente do anterior: desde o leilão, no ano 2000, até março de 2013, o rendimento dos papéis PETR3 ON, como são chamadas as ações ordinárias compradas pelos trabalhadores, foi de 550,13%, contra apenas 82,13% do Fundo de Garantia.

Para Felipe Miranda, analista da Empiricus Research Análises de Investimentos, a tendência é o quadro piorar:

— As ações ainda devem enfrentar uma pressão vendedora muito forte, por algumas razões. A gente está vendo fundos estrangeiros vendendo as ações. Isso decorre dos escândalos. A gente não sabe até que ponto podem chegar as exigências até da polícia norte-americana (em relação ao caso da refinaria de Pasadena). Dado esse risco, eu, investidor, não vou ficar com o papel. Eu vejo também uma paralisia operacional. Como a empresa vai tocar a produção, tendo parte da diretoria obrigada a esclarecer envolvimento em corrupção? E ainda tem um risco, que ainda não está no preço, que é o seguinte: a petrobras precisa recorrer ao mercado de capitais para tocar o seu ambicioso plano de expansão. Como ela vai acessar o mercado num momento em que o emrcado está fechado para ela? Ninguém vai tomar dívida de Petr neste momento.

Por outro lado, Mário Avelino, presidente do Instituto Fundo Devido, não recomenda a venda das ações.

— A não ser que ele possa sacar o dinheiro do FGTS, pois quando as ações são vendidas, o dinheiro volta para a conta do FGTS, onde acaba sendo “confiscado” por causa da TR (Taxa Referencial, que é próxima a zero), usada para atualização monetária do fundo. Os trabalhadores que investiram parte do seu FGTS na Petrobrás em agosto de 2000, tiveram um ganho maior que os rendimentos do FGTS até ontem. O mercado de ações é imprevisível. A título de curiosidade: no dia 13 de outuro deste ano, essa ação chegou a R$ 20,75, devido à perspectiva do mercado de o Aécio vencer. Foi a maior cotação do ano.

Questionada sobre quantos trabalhadores que compraram as ações no leilão de 2000 ainda têm os papéis, a Petrobras informou, em nota, que “O número de cotistas, em 31 de outubro, era 65.907. No lançamento do programa, em agosto de 2000, um total de 312.194 contas de FGTS foram utilizadas para compra de cotas do FMP (Fundo Mútuo de Privatização - FGTS Petrobras), o que corresponde a 248.218 titulares, haja vista que alguns correntistas do FGTS possuíam mais de uma conta”.


Fonte: Jornal EXTRA

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