Sem aulas, Uerj acumula dívidas que somam R$ 113 milhões este ano

Sem aulas há mais de uma semana, após funcionários de empresas de limpeza terem cruzado os braços por estarem sem receber, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) vive uma situação dramática e acumula dívidas que somam R$ 113 milhões este ano, segundo dados do Sistema de Informações Gerenciais (SIG) do estado. A falta de recursos atinge, além de prestadores de serviços, cerca de 7.100 alunos, entre eles cotistas e beneficiados com auxílios para monitoria, iniciação científica e iniciação à docência. Eles afirmam que estão sem receber desde outubro a bolsa de R$ 400 a que têm direito. A dívida com os cotistas e demais estudantes chega a R$ 11 milhões. A Uerj diz que negocia com o estado o pagamento dos bolsistas e residentes do Hospital Pedro Ernesto, mas a Secretaria estadual de Fazenda disse, na quarta-feira, que não tem dinheiro em caixa para honrar os compromissos.

Em meio à crise, a revolta dos estudantes aumenta. Na manhã de quarta-feira, eles ocuparam mais dois prédios, o Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha, onde há aulas dos cursos de química, biologia e física, e o bloco do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, onde são ministradas aulas das turmas de medicina. O grupo permitiu apenas a entrada de funcionários terceirizados e de alunos que queriam integrar o movimento. Uma estudante do primeiro ano de medicina, que se identificou apenas como Míriam, disse acreditar que a ocupação não seja a melhor opção.

— Acho que não tem que ser aqui (a ocupação). Eles deveriam estar, por exemplo, na Alerj. Mas eles estão no seu direito. Afinal, o valor da bolsa-auxílio não é reajustado há seis anos.

Estudante de pedagogia, Caroline Souza recebe bolsa para pesquisa e diz que seu maior problema é o gasto com alimentação e cópias de material para estudo.

— Agora eu trago marmita de casa. Só faço cópia do que não consigo na internet. Ou pego emprestado. A bolsa é uma ajuda imprescindível. A questão não é o calendário acadêmico, é falta de orçamento — desabafou a estudante, que já pensa em desistir da bolsa para arrumar emprego.

MUTIRÃO DE LIMPEZA NO CAMPUS

Durante a tarde, os cerca de 300 estudantes acampados na Uerj fizeram um mutirão de limpeza nos corredores e nos banheiros. Eles também recolheram alimentos em solidariedade aos funcionários sem pagamento.

A pedido do GLOBO, a liderança do PSDB na Alerj fez um raio X dos gastos da universidade com benefícios para estudantes, cotistas e pesquisadores. Os dados mostram que a liberação dos recursos tem sido lenta. O Apoio à Formação do Estudante é um dos programas que receberam menos dinheiro. De um total de R$ 52 milhões previstos para este ano, R$ 18,7 milhões foram pagos. Os números também revelam que ações voltadas para o desenvolvimento de graduação, pós-graduação, pesquisa e extensão não tiveram pagamento este ano. O valor estimado era R$ 2,9 milhões.

Em nota divulgada no site da Uerj, o reitor Ricardo Vieiralves procurou acalmar os ânimos. Além de dizer que negocia o pagamentos das bolsas, afirmou que a Secretaria de Fazenda quitou as dívidas com empresas terceirizadas e garantiu que os pagamentos estão em dia. No entanto, uma análise da liderança do PSOL no Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem) aponta que as duas empresas prestadoras de serviços de limpeza e vigilância na Uerj ainda têm R$ 20 milhões a receber.

 


Fonte: O Globo

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