Paes: 'População está julgando as atitudes de Cunha'

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), disse nesta segunda-feira que Eduardo Cunha atua mais como presidente da Câmara do que como um quadro do PMDB e que já está tendo suas atitudes julgadas pela população. Paes também declarou estar "sedento" para chegar à Presidência da República junto com seu partido.

- Eduardo Cunha é muito mais presidente da Câmara do que um quadro do PMDB. Acho que a população está julgando as suas atitudes. Mas não quero personificar. Quero falar do meu partido. Precisa ter serenidade - afirmou o prefeito do Rio, após sair do encontro com outros cinco prefeitos que divulgaram manifesto contra o impeachment de Dilma. 

Sem citar nomes, o prefeito declarou que certas atitudes de políticos do PMDB não "condizem com a história do partido". Paes criticou, ainda, a manobra feitas pelo deputados federais do PMDB, que destituíram Leonardo Picciani (PMDB-RJ) da liderança do partido na Casa. Para ele, a saída do líder, que deu lugar a Leonardo Quintão (PMDB-MG), foi uma "violência". Paes defendeu a volta de Picciani para o quadro:

- Esse é outro gesto completamente sem sentido, de violência. Tinha eleição para líder em fevereiro. O deputado Quintão deveria ter disputado eleição em fevereiro. Tem certa ação que eu chamaria de mão grande, que me parece ruim para a história do PMDB. Defendo a volta do Picciani.

Enquanto defendia a permanência da presidente Dilma na Presidência, Paes afirmou que seu partido nunca escondeu que tem vontade de assumir o poder. Ele é contado por integrantes da sigla para ser o candidato do partido nas eleições de 2018.

- O PMDB nunca escondeu sua vontade de estar no poder, mas sempre marcada pelo respeito ao voto da população. Também estou sedento para estar com o PMDB na Presidência da República, mas quero que o PMDB dispute a eleição de 2018, com candidato próprio. Se vencer, o PMDB estará na Presidência. 

Ao longo da entrevista coletiva, Paes evitou usar a palavra golpe, que só escapou na última resposta:

- A gente tem que ter posição neste momento: o PMDB está a favor da democracia, da garantia das instituições, ou quer defender um autoritarismo ou, não vou usar a expressão golpe, mas algo parecido com isso.

Mais cedo, ainda no Rio, o prefeito disse se sentir envergonhado com o fato de a liderança do PMDB na Câmara ter sido alcançada “na mão grande” pelo deputado Leonardo Quintão.

— Essa é mais uma medida que desrespeita valores institucionais. Respeito o direito do Quintão de ser líder do PMDB. Mas deveria esperar a hora da votação em fevereiro, colocar o seu nome. Esse tipo de atitude de levar as coisas meio “na mão grande” prejudica a imagem do partido, que sempre teve como marco o respeito às instituições, à democracia, ao desejo da maioria. Esse tipo de coisa me envergonha como peemedebista.

O prefeito do Rio endureceu suas críticas ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Antes de viajar para Brasília, a fim de se juntar a outro prefeitos para manifestar apoio à presidente, Paes disse que “o poder se ganha disputando eleição”. E defendeu que o PMDB tenha uma candidatura própria em 2018 e “chegue ao poder pela via legítima do voto popular”. Para ele, deve haver respeito institucional no Brasil.

— Há um certo jogo de barganha com as instituições brasileiras nesse caso. Quer se contestar a Dilma, que se conteste. Quer se fazer oposição, que se faça. Daí a fazer um processo de impedimento por impopularidade e porque não se concorda com a política econômica, acho um pouco demais — afirmou Paes. — Não é uma questão de ser ou não aliado da presidenta. É uma questão de respeito às instituições brasileiras.

Para Paes, não há nada que leve a um crime de responsabilidade que justifique um processo de impeachment contra Dilma.

PEZÃO: DISCUSSÃO SOBRE IMPEACHMENT NÃO LEVARÁ A NADA

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, também voltou a adotar o tom crítico em relação ao processo de impeachment. Disse que esta não é uma discussão que o país precise no momento. Ao contrário:

— Essa discussão não vai levar a nada. Pode, sim, aprofundar o desemprego, o que não interessa a ninguém. Essa não é a agenda que desejamos.

Para Pezão, entre os governadores não vê ambiente para um processo de impeachment. No mesmo tom de Paes, o governador afirmou que só pelas urnas é possível chegar ao poder:

—É preciso respeitar os resultados das urnas e dar governabilidade ao país. O PMDB, que sempre foi um partido que ajudou a todos os governos, do Itamar, do Lula, tem de ajudar o da presidenta Dilma onde tem o vice presidente Michel Temer.

Sem querer polemizar com Temer, Pezão foi político:

— Não tenho conversado com o Temer. Mas quero ficar com a mensagem dele da governabilidade. Ele é um constitucionalista. Acredito nas convicções democráticas dele.

 

Fonte: O Globo

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