Eduardo Paes repete fórmula de outras eleições para emplacar secretário como sucessor

Em busca de visibilidade para o desconhecido afilhado político Pedro Paulo, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), tem lançado mão de estratégias usadas por ele em sua reeleição e pelo ex-governador Sérgio Cabral para emplacar Luiz Fernando Pezão — na época igualmente desconhecido — no Palácio Guanabara. São recursos que têm surtido efeito eleição após eleição no PMDB fluminense. Paes está empenhado em fazer de Pedro Paulo, secretário executivo de Coordenação de Governo, seu sucessor.

O anúncio informal da pré-candidatura do afilhado tem ganhado força em inaugurações e compromissos oficiais de Paes um ano antes do início da campanha. Os potenciais adversários de Pedro Paulo têm recall (taxa de conhecimento entre o eleitorado) consolidado: os senadores Marcelo Crivella (PRB) e Romário (PSB), a deputada federal Clarissa Garotinho (PR) e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).

Entusiasmado com o lançamento de mais uma obra de infraestrutura do programa Bairro Maravilha, sábado retrasado, Paes, na presença de deputados e vereadores aliados, discursou:

— Quando a gente fala do Pedro ser nosso candidato a prefeito, é porque a gente sabe que o Rio passou muito tempo olhando para trás e hoje está olhando para frente.

À frente do cargo criado para ele, Pedro Paulo percorre e inaugura obras, como as do Bairro Maravilha, programa de asfaltamento de ruas criado no primeiro mandato do prefeito. Pezão, na função de coordenador de Infraestrutura, percorria os canteiros do Bairro Novo, também de pavimentação de vias.

O secretário participa ao lado de Paes de todos os eventos oficiais da prefeitura. A principal vitrine, no entanto, serão os Jogos Olímpicos, como foi a Copa para Pezão.

Em busca de uma aliança consolidada, o prefeito iniciou as conversas com os partidos da base aliada. Ele quer manter o mesmo bloco de 17 legendas por conta do tempo de TV na propaganda eleitoral. Nas eleições de 2012, a cúpula do PMDB já esperava uma vitória no primeiro turno por falta de candidatos competitivos — apenas Freixo era considerado um adversário forte à época.

Paes quer compor principalmente com o PT a base de apoio de Pedro Paulo.

— A tendência é o apoio ao Pedro Paulo. O Paes vai realizar uma série de políticas com a marca do PT — disse o presidente do PT-RJ, Washington Quaquá.

LONGE DE CABRAL E PEZÃO

Para agradar aqueles que pedirão votos para ele nas ruas, Pedro Paulo compareceu a algumas filiações, estratégia também adotada por Pezão. O secretário pediu a alguns dirigentes partidários que organizem eventos de filiação em que ele possa participar.

Outro ponto importante é a estratégia de comunicação. O plano é mostrar aos cariocas que há um “projeto de transformação” em desenvolvimento no Rio. Pedro Paulo já tem uma empresa de comunicação que cuida de suas redes sociais e passou a fazer treinamentos para melhorar o desempenho em entrevistas.

Apesar das estratégias, há algo que incomoda Paes: os desdobramentos da Operação Lava-Jato, que apura desvios de dinheiro na Petrobras. Pezão e Cabral estão entre os investigados. Por isso, a ordem é manter Pedro Paulo distante dos dois.

Para abrir o caminho de Pedro Paulo, Paes teve que convencer o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, presidente regional do PMDB. Inicialmente, o parlamentar queria que o candidato a prefeito em 2016 fosse seu filho, o deputado federal Leonardo Picciani. Com o aval do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Paes negociou para que Leonardo se tornasse líder do partido na Casa, abrindo o caminho de Pedro Paulo na disputa municipal.

Na avaliação do cientista político Paulo Baía, da UFRJ, o PMDB criou uma fórmula:

— No 2º mandato, o candidato à sucessão vira protagonista da gestão. Foi assim com o Pezão no governo Cabral e Pedro Paulo na gestão Paes. É uma tática política que segue a lógica de consolidar um nome e neutralizar a oposição. Os outros candidatos se apresentam muito depois e é difícil se consolidar e construir um discurso de oposição. Isso vira um modus operandis do PMDB.

Paes e Pedro Paulo foram procurados, mas não atenderam ao pedido de entrevista.




Fonte:
O GLOBO

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